As próximas reuniões do Copom nesta primeira metade de 2010 acontecerão nos dias 27 e 28 de abril e 8 e 9 de junho
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (17) não alterar a taxa básica de juros (Selic), atualmente fixada em 8,75% ao ano – nível mais baixo da história.
Sem viés e sem unanimidade, a decisão da autoridade monetária de manter o juro em 8,75% ao ano ocorre pelo quinto encontro consecutivo.
Segundo comunicado do BC, a medida contou com cinco votos a favor da manutenção e três votos pela elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual (p.p.).
"O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", reiterou a autoridade monetária, que afirmou ter tomado tal decisão avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação.
As próximas reuniões do Copom nesta primeira metade de 2010 acontecerão nos dias 27 e 28 de abril e 8 e 9 de junho.
Medida acertada
A decisão do Copom de manter inalterada a taxa básica de juros da economia foi "uma demonstração de respeito à produção, ao crescimento, ao emprego e, ao Brasil", segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
No mesmo sentido, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma que a medida foi acertada. "Isso indica que o Banco Central percebe que as pressões inflacionárias existentes são temporárias e sazonais", disse Armando Monteiro Neto, presidente da CNI.
Em nota, a Fiesp disse ainda que a decisão mostra que "prevaleceu o bom senso". "A Fiesp, embora entenda que há condições seguras para que a Selic seja mais baixa, recebe bem a decisão do Copom em mantê-la no atual patamar", pondera.
O presidente da instituição, Paulo Skaf, relatou também que governo e sociedade precisam estar unidos. "O governo foi sensível ao nosso apelo, baseado em concreta argumentação técnica, e renovou as condições de crescimento, com a natural geração de novos empregos. Ganham todos, em especial o Brasil", pontuou Skaf.
Por sua vez, Monteiro Neto afirma que um eventual aumento nos juros neste momento seria inadequado porque não teria efeito sobre os preços e prejudicaria a retomada da atividade industrial.
"Apesar dos resultados positivos atualmente observados, a indústria ainda está em recuperação e não alcançou os níveis pré-crise. Em especial, o nível de utilização da capacidade instalada é bem inferior ao de setembro de 2008", lembrou o presidente da CNI, ressaltando que o aumento dos juros neste momento colocaria um freio nas decisões de investimento e comprometeria a retomada do crescimento.
Para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), mesmo que as projeções indiquem uma inflação um pouco acima da meta até o fim do ano, ainda assim dentro da margem de tolerância determinada pela política monetária, há outros fatores que precisam ser considerados.
"Há uma margem importante de ociosidade na indústria - cerca de 17%, em média - que pode absorver aumento da demanda no curto prazo sem pressionar os preços. Além disso, os investimentos industriais e em infraestrutura estão em trajetória de crescimento, o que elevará a capacidade de ofertar bens e serviços", relatou a associação.
A opinião da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é de que o aumento de juros teria "efeito inócuo".
"Elevações da taxa básica de juros custam muito caro aos cofres públicos e certamente exigem um esforço extra do governo para conseguir um resultado fiscal mais robusto. Esse custo, se acontecer, será repassado sob a forma de aumento da carga tributária e de encarecimento das prestações no caso dos financiamentos no setor bancário", alerta Abram Szajman, presidente da Fecomercio.
Juros mais baixos
Já a União Geral dos Trabalhadores (UGT) se posicionou contra a manutenção da taxa Selic a 8,75%. "O Copom perdeu a oportunidade de acelerar o nosso crescimento econômico e tirar do Brasil o título de recordista mundial em juros", protestou.
De acordo com Ricardo Patah, presidente nacional da UGT, a economia brasileira precisa de juros baixos para estimular os investimentos nos setores industriais e de serviços para conseguir a geração consistente de emprego de qualidade.
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