segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MERCADOS INTERNACIONAIS 2

Os temores de que Portugal poderá ser o terceiro país na zona do euro com problema de dívida soberana a ter que receber socorro financeiro pressionaram as bolsas mundiais e o euro nesta segunda-feira. Diante da ausência de indicadores econômicos de peso nos Estados Unidos, a atenção no mercado norte-americano está voltada para o início da temporada de balanços corporativos, com o anúncio dos resultados da Alcoa após o
fechamento do pregão em NY. No mercado de commodities, o petróleo registrou alta, em meio aos temores sobre o aperto na oferta global do produto.
O mau humor do mercado foi desencadeado durante o final de semana, depois que a imprensa alemã afirmou que a França e Alemanha estavam pressionando Portugal a aceitar um pacote de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo português continua a insistir publicamente que não precisa de ajuda, mas traders foram lembrados da recusa da Irlanda em receber ajuda financeira no final do ano passado antes
de o país sucumbir às pressões e aceitar um socorro de € 750 bilhões da UE e do FMI.
Autoridades alemãs e francesas negaram os rumores, mas os temores de que Portugal e Espanha possam seguir os passos da Grécia e da Irlanda aumentaram. O retorno ao investidor (yield) dos títulos de 10 anos do governo português subiu acima de 7%, seu nível mais alto desde a criação do euro em 1999.
"Embora o Banco Central Europeu esteja fazendo sua parte para permitir o funcionamento dos mercados, é evidente que ele não pode fornecer uma solução de longo prazo ou mesmo de médio prazo para a crise da dívida", disse Gary Jenkins, da a Evolution Securities. Além disso, segundo o analista, uma maior utilização do mecanismo de salvamento será
provavelmente necessária para dar aos governos tempo suficiente para que melhorem sua situação fiscal e recuperem a confiança do mercado.
Segundo operadores, o Banco Central Europeu (BCE) comprou hoje cerca de € 250 milhões em papéis soberanos de Portugal, Grécia e Irlanda, levando os spreads dos yields dos bônus desses países a recuarem. A compra dos títulos ocorreu antes da realização de um crucial leilão de bônus pelo governo português, previsto para quarta-feira. Portugal planeja
vender entre € 750 milhões e € 1,25 bilhão em títulos com vencimento em 2014 e 2020.
Itália, Grécia e Espanha também realizarão leilões de títulos nesta semana.
Às 14h05 (de Brasília), a Bolsa de Londres recuava 0,53%, a de Frankfurt perdia 1,26% e de Paris recuava 1,54%. Em Wall Street, o índice Dow Jones cedia 0,65%, o Nasdaq caía 0,60% e o S&P 500 declinava 0,53%.
A Bolsa de Valores de Nova York, Nyse, fez um minuto de silêncio pelas vítimas do ataque ocorrido no sábado no Arizona por volta das 14h (de Brasília). Seis pessoas morreram e 14 ficaram feridas, entre elas a deputada democrata Gabrielle Giffords, que continua em estado grave. O presidente Barack Obama também participou da manifestação em homenagem às vítimas.
No front corporativo, as ações do setor de petróleo recuaram, depois que companhias petrolíferas, entre elas a britânica BP, interromperam sua produção no distrito de North Slope, no Alasca, devido a um vazamento que fechou o oleoduto Trans Alaska no domingo.
Às 14h (de Brasília), os papéis da BP cediam 1,17% em Londres.
As ações da Sara Lee avançavam 3,67% em NY. Segundo o The Wall Street Journal, um consórcio foi formado pela firma de private equity Apollo Global Management, o empresário C. Dean Metropoulos, Bain Capital e TPG Capital para estudar a compra da Sara Lee. A Sara Lee já rejeitou uma proposta de compra feita pela brasileira JBS e aguarda para ver se
haverá uma oferta maior pela maior processadora de carne bovina do mundo.
Já os papéis da norte-americana Duke Energia recuavam 2,08% no horário citado acima, impulsionados pela notícia de que a companhia acertou a compra de Progress Energy por US$ 13,7 bilhões, criando a maior empresa de serviços de utilidade pública dos EUA. As ações da Progress recuavam 2,11%.
No mercado de câmbio, o euro foi pressionado pelos relatos que circularam no final de semana sobre pressão para Portugal receber um empréstimo emergencial. A moeda chegou a atingir o menor patamar em 4 meses em relação ao dólar durante o pregão asiático, mas conseguiu se recuperar após uma autoridade de banco central chinês afirmar que a China
deveria aumentar a proporção de moedas que não sejam o dólar dentro das suas reservas internacionais.
O euro também ganhou fôlego após a notícia de que o Banco Central Europeu comprou títulos de países periféricos e dados econômicos que apontaram um crescimento acima das projeções da produção industrial da França em novembro.
Às 14h (de Brasília), o euro subia para US$ 1,2928, de US$ 1,2905 no fim da tarde de sexta-feira em Nova York, enquanto o dólar recuava a 82,73 ienes, de 83,11 ienes.
No mercado de commodities, os preços dos contratos futuros do petróleo subiram, impulsionados pela incerteza sobre quando será reaberta a rede de oleodutos Trans Alaska e os temores sobre o aperto na oferta global de petróleo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex) eletrônica, o barril do petróleo para entrega em fevereiro subia 1,59% para US$ 89,77 às 14h (de Brasília). Na plataforma eletrônica ICE, o Brent para fevereiro operava em
alta de 2,49%, em US$ 95,64 o barril.
O cobre operou em baixa, com os investidores reagindo com cautela aos dados sobre a balança comercial e as importações da China. O superávit comercial chinês caiu para US$ 13,08 bilhões em dezembro de 2010, de US$ 22,9 bilhões em novembro, enquanto a importação de cobre em todo o ano passado totalizou 4,29 milhões de toneladas, o mesmo nível recorde atingido em 2009. Às 14h (de Brasília), contrato do cobre para fevereiro recuava 0,23%, para US$ 4,2725 por libra-peso.
No mercado de Treasuries, os preços dos títulos subiram, com a respectiva queda dos juros.
Às 14h, o juro do T-note de 2 anos cedia a 0,56910%, o do T-note de 10 declinava para 3,28465% e o T-bond de 30 anos caíam a 4,46245%.

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