Moedas – A volta do feriado de Londres e NY foi marcada pela notícia de que a Alemanha poderia ter uma posição mais flexível em relação ao socorro para a Grécia. Desde a sessão asiática, o Euro apresentou tendência de alta. Inicialmente arrastou as outras moedas, mas o AUD, por exemplo, acabou preso ao fundamento do país e caiu (hoje o número do PIB pode surpreender negativamente, adiar a perspectiva de alta de juros e tornar menos atraente arbitrar o juro doméstico – difícil com a queda contínua dos juros dos treasuries americanos agora puxada pelo temor de desaquecimento).
BRL – A subida das bolsas e das moedas fora (Alemanha menos dura com a Grécia e indicadores nos US colocando pressão de baixa no USD) ajudou a consolidar ainda mais a tendência de alta do BRL esboçada nos últimos dias. A forma operacional escolhida pelo BC para rolar o swap (que acabou fracassada – não sabe se propositalmente) e a formação de PTAX (viés baixista) também foram fatores relevantes. As compras do BC no spot foram maiores (350 MM), mas não foram suficientes para se contrapor aos 1,65 bi de dólares devolvidos pelo BC para o mercado.
Juros – A produção industrial surpreendeu para baixo (desvio relevante) e chegou a fazer as taxas caírem mais intensamente na BM&F. Ao longo do dia o movimento foi perdendo força e as quedas foram menores (o suficientemente prolongado do BC impõe limitações à queda e indica que prevalece a expectativa de que nada se altere na reunião da próxima semana).
Bolsas – Ásia – As bolsas asiáticas repercutiram com força a possibilidade das exigências serem flexibilizadas em relação à Grécia. A notícia que circulou no final da 2ª fez as bolsas asiáticas fecharem nas highs do dia (na abertura dos negócios ainda houve hesitação em algumas praças). As ações de Raw Materials foram o destaque e evidencia que o equacionamento dos problemas financeiros na Europa leva o investidor a abandonar qualquer temor com crescimento (não só na Ásia como também na Europa e América). Se a decisão é pra valer só daqui a alguns dias se saberá. Ontem foi o último dia de Maio e normalmente o mercado tende a buscar ajustar os preços para apresentarem um balanço mais positivo (no caso do mês menos negativo) em termos de performance.
Europa – Se a Ásia já havia repercutido a nova posição alemã, porque a Europa (a principal envolvida) não faria o mesmo. Os números ruins nos US, que recupera a preocupação com crescimento, atrapalharam por algum tempo o mercado, mas no final a confiança (de que o acerto com a Grécia afasta o risco de desaceleração) prevaleceu entre os investidores.
S&P – Há muito tempo que o volume de negócios do último dia do mês na NYSE não tinha sido tão representativo – quase 60 pct maior ontem que o padrão recente. Curiosamente, os dados de US vieram ruins (ultimamente tem sido assim), mas os investidores preferiram seguir a Ásia e a Europa
Bovespa – A forte atuação dos gringos (à vista e no futuro) fez a bolsa paulista também repercutir a novidade européia. Entretanto, se descontada queda da 2ª (NY e Londres ficaram fechadas) a elevação foi bem menos expressiva.
Commodities – A perda de valor do USD só motivou a alta do petróleo. Os metais ficaram praticamente estáveis e os grãos caíram. O movimento dos dois segmentos foi distinto do observado nas bolsas, onde a expectativa de maior crescimento prevaleceu com a notícia alemã.
Ásia – O dia foi de sobe e desce nas bolsas asiáticas. Fecharam próximo da estabilidade (exceção à Taiwan que subiu 0,8 – otimismo com o desempenho da economia por causa dos vínculos crescentes com a China). O PMI na China já tinha precificado o recuo (indicações antecedentes apontavam para isso). No Japão, apesar da avaliação positiva feita pelo presidente do BoJ (segundo ele as empresas estão restabelecendo a produção antes do previsto), a incerteza política – Naoto Kan pode ter que renunciar em razão da perda de apoio político – desestimulou os investidores. Na Coréia, apesar da inflação mais baixa (ainda acima da meta), as exportações cresceram menos que o esperado e as importações mais. Na Austrália, o mercado temia que a queda do PIB surpreendesse negativamente. Como isso não ocorreu, a moeda australiana sobe recuperando o movimento em relação ao Euro que havia subido ontem.
Commodities – Após a forte alta de ontem (os outros segmentos caíram), o petróleo recua ligeiramente. Os grãos seguem em queda (apesar do sobe e desce, o call do USDA – quadro de suprimentos mais confortável – tem prevalecido). Já os metais recuam ligeiramente (medo com China).
Treasuries americanos – Os dados ruins e a continuidade das compras pelo FED jogaram mais uma vez os juros para baixo ontem. Hoje, o movimento se repete e o Tesouro anunciará pela manhã o volume de papéis que será colocado a semana que vem.
Europa – Após a forte alta de ontem, as bolsas européias repercutem os dados econômicos piores (indicações de atividade industrial mais fraca) e recuam ligeiramente. O assunto Grécia ainda está envolto em dúvidas. Porque criar incentivos para que os detentores de títulos rolem suas posições se EU/IMF vai fornecer recursos que cobrirão as necessidades de 2012 e 2013?
S&P futuro – Acompanha a Europa e recuava 0,1 às 08:30.
- Apesar de duas tentativas, o BC não teve sucesso na rolagem do swap reverso. Ao se partir do princípio de que havia demanda pelo leilão e de que alguns agentes sobraram com o USD na mão o BRL pode vir a sofrer pressão de compra nos próximos dias. Não é razoável se acreditar que não tenha sido intencional (o fracasso) e a questão não se limitará, temporalmente, a esse evento. Daqui a um mês novamente vencem contratos de swap e o mercado tenderá a acreditar que não será rolado e vai atiçar o BC o tempo todo.
- Os Republicanos colocaram em votação ontem a extensão do limite de endividamento americano e por uma ampla maioria ela foi rejeitada. A votação foi organizada pelo partido para demonstrar a Obama que o governo deve se mostrar aberto ao debate sobre cortes de gastos profundos. Segundo o secretário do tesouro, o prazo limite para que seja aprovado e não comprometa a economia, é 31 de Julho.
- Segundo fontes, o desembolso da quinta parcela do FMI ainda não está certo porque as exigências fiscais não foram cumpridas.
Mesmo ressalvado alguns fatos (crescimento maior no mês do que o anteriormente informado e crescimento de alguns setores abaixo do padrão – principalmente fabricação de açúcar), a produção industrial de Abril acabou anulando os ganhos de Fev/Mar que fizeram alguns analistas revisarem para cima a variação da indústria em 2011. Voltou-se ao padrão anterior de baixo crescimento observado na maioria dos meses de 2010 e que tem muito a ver com a queda da competitividade da indústria brasileira no atual patamar da taxa de câmbio (exportações em queda e importações em alta).
quarta-feira, 1 de junho de 2011
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