sexta-feira, 11 de março de 2011

Mercados

Moedas – A postura passiva do BoE em relação à inflação afastou as preocupações com a reunião do ECB da próxima semana e o Euro caiu. Além disso, a queda no crescimento do comércio externo da China, que provocou recuo no preço de commodities, atrapalhou o desempenho das moedas dos chamados players de commodities e fez o USD ganhar valor (até frente ao Iene).

BRL – Apesar do temor com o anúncio de novas medidas, a moeda brasileira apenas repercutiu o movimento de fora.

Juros – A leitura da Ata (mais dovish em relação ao aumento de juros) provocou o deslocamento da curva de juros para baixo. O BC teria externado sua preferência por medidas adicionais de contenção do crédito que não juros. A queda das commodities e a preocupação com as economias européias e asiáticas ajudaram a reforçar o movimento.

Bolsas – Ásia – A forte queda no crescimento do comércio externo chinês trouxe dúvida sobre a perspectiva econômica do país que traciona o crescimento mundial e, particularmente, da Ásia e fez as bolsas asiáticas recuarem (o petróleo passaria a ter um reflexo apenas secundário diante da importância da China para o mundo e para o próprio petróleo). A reação pode ter sido exagerada porque o próprio governo chinês reconhece que deve mudar o enfoque de sua economia para um modelo mais voltado para o consumo (as exportações deixariam de ter papel fundamental).

Europa – A reação asiática aos dados da China, a volta das preocupações com a dívida de países periféricos, a vista grossa do BoE com a inflação e os dados piores nos US fizeram a Europa amplificar a queda das bolsas asiáticas.

S&P – A propensão à queda das bolsas americanas (reagindo ás quedas da Ásia e Europa) foi reforçada com os dados piores de emprego e da balança comercial e NY fechou na low do dia.

Bovespa – Foi arrastada pelos acontecimentos de fora, repercutindo também informações de medidas adicionais para se conter a demanda por crédito.

Commodities – Vislumbrar dificuldades na China é visualizar problemas para as commodities e foi o que aconteceu ontem (houve queda em todos os segmentos).

Ásia – As bolsas abriram acompanhando as quedas mais fortes da Europa e de NY ontem e o Nikkei foi fortemente afetado próximo do fechamento pelo terremoto no Japão (como as bolsas de Taiwan e Seul estavam próximas do encerramento dos negócios e a da Austrália já tinha fechado o efeito não se disseminou). O Iene perdeu valor no início, mas a tendência se inverteu na sessão européia, afetando o desempenho do Euro e das moedas de vários emergentes (aumentou a preocupação com o desempenho econômico mundial). Na China, o presidente do PBoC disse em entrevista coletiva que o país usará os juros (e não a moeda) para conter a inflação e fez as bolsas chinesas acentuarem a baixa.

Commodities – Se as dúvidas quanto ao desempenho chinês atrapalhou os diversos segmentos ontem, hoje o terremoto no Japão adicionou mais incerteza ainda sobre o crescimento mundial. O petróleo, os metais e os grãos recuam.

Treasuries americanos – A perspectiva de problemas na Ásia e na Europa e dados econômicos ruins nos US provocaram a queda dos juros ontem. Hoje, as incertezas provocadas pelo terremoto no Japão reforçam a queda (antes do fenômeno os juros se recuperavam do recuo de ontem).

Europa – Repercutem as incertezas geradas pelos acontecimentos no Japão e caem.

S&P futuro – Caía 0,4 na sessão européia do índice.

- A inflação (de preços ao consumidor) na China veio, praticamente, dentro do esperado. Já a produção industrial e as vendas no varejo vieram conflitantes (o primeiro surpreendeu para cima e o segundo para baixo). O presidente do PBoC afirmou que o país usará as taxas de juros para controlar a inflação e que a política monetária tem objetivos mais amplos do que apenas o controle inflacionário.

- Um forte terremoto atingiu o Japão e afetou os mercados na Ásia e provoca quedas também na Europa.

A Ata do Copom aventou a possibilidade de reavaliação da estratégia atual de política monetária caso a desaceleração esperada da economia se acentue e algo de novo surja no complexo (no sentido de imprevisível) cenário internacional. Segundo cálculos do BC, com o câmbio no patamar atual e as taxas de juros projetadas pelo mercado (coletadas pelo Gerin na expressão dele), a inflação ficaria abaixo da meta em 2012 (e isso permitiria a reavaliação). De certa forma, o BC voltou, como no ano passado, a chamar a atenção para o cenário internacional e o fato dos acontecimentos de ontem terem conspirado a seu favor fez o mercado deslocar para baixo a curva de juros. O cenário de atividade assume importância maior já que no início de 2010 ainda eram muito incipientes os indícios de recuo na taxa de crescimento e revela que a autoridade também se preocupa com essa variável (e não apenas com a inflação - e dá a entender que não tem a intenção de fazer a convergência a qualquer custo).

O fluxo cambial da semana passada ressalta novamente que o BC vem retirando todo o saldo e isso pode complicar o ajuste que os bancos terão que fazer nas próximas três semanas. Segundo a BGC Liquidez, a posição vendida dos bancos estava em 13,5 bi na 6ª passada (ainda falta computar as operações a termo) e esse valor deveria cair para 10 bi até o dia 04/04 para que os bancos não incorram em custos. Felizmente para eles, os gringos resolveram assumir maiores riscos no mercado futuro ampliando suas posições vendidas (em quase 3,5 bi entre os dias 28/Fev e 04/Mar). A disposição dos gringos em venderem dólar futuro deve fazer com que o BC volte a atuar no swap com mais intensidade (faz sentido deixar a sobra de spot com os bancos e retirar o excedente via derivativo).

Apesar do volume maior esta semana, as últimas colocações de títulos pré-fixados pelo Tesouro são insuficientes para rolar os vencimentos estimados em cinco bi semanais (média calculada pela BGC Liquidez para o período de Ago.10 a Jul.11). Com isso, o papel de coordenação de expectativas exercido pelo BC será de vital importância para que as vendas voltem a subir. Entretanto, o mercado ainda vê a inflação e as contas públicas com muita desconfiança.

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