quinta-feira, 31 de março de 2011

Mercados

Moedas – Como na 3ª, o Euro apresentou dificuldade para subir ontem, pois ainda não houve tempo para que o aumento das incertezas (que certos eventos recentes provocaram) fosse diluído. Há que se considerar também que a reunião do ECB está se aproximando e o jogo de expectativas terá que se defrontar com a realidade da decisão. Já o AUD não captou as preocupações com a China (medo de juros que tem feito os metais caírem) e alcançou highs históricas.

BRL – Dois fatos pouco comuns afetaram a precificação da moeda brasileira ontem. O primeiro foi a demora do BC em atuar (reforçando o movimento de alta que já era intenso no dia anterior) e a segundo foi ter vendido um volume irrisório de swap (290MM) dos 1,5 bi oferecidos. O mercado acredita que foi o BC que não quis vender (por isso a continuidade da queda depois do leilão), mas o fato do mercado ter solicitado uma taxa maior pode ter feito o BC recuar. Se apenas ocorreu um desacerto momentâneo, ele poderá ser corrigido hoje.

Juros – O mercado esperava um tom mais hawkish no documento que o BC divulgou ontem (na 3ª os acontecimentos – dados de crédito e alta de commodities - conspiraram a favor do view). Entretanto, o BC aproveitou para reforçar as convicções que têm sido externas para o mercado (crença no fiscal e nos efeitos das medidas macroprudenciais). Além disso, ao mencionar que se permitirá a reavaliação da intensidade da alta dos juros levou o mercado a precificar como proporcionalmente justificável uma alta de 0,25 na próxima reunião. O aumento da inclinação da ponta longa foi tímido (desconfiança com o BC) porque a oferta de papéis longos no leilão semanal do Tesouro se limitará à LTN Janeiro 15 (leilão de NTN-F só na semana que vem).

Bolsas – Ásia – Os investidores enxergam a possibilidade de melhora no cenário de curto prazo com a redução das incertezas em torno das questões japonesas e líbia e fizeram as bolsas subirem. Entretanto, a recuperação traz de volta um problema que foi deixado de lado: a necessidade de alta dos juros. As bolsas chinesas já sofrem com isso e ontem ficaram praticamente estáveis, descolando do movimento de outras praças.

Europa – Tinha que descontar a subida de NY na 3ª à tarde e confirmou essa tendência. Entretanto, algumas bolsas apresentaram alta muito tímida, como a londrina, por exemplo, que mesmo com o S&P subindo mais de 0,5 apresentou alta de 0,27. A baixa liquidez – comum nos últimos tempos, mas incompreensível dada a farta liquidez mundo afora - tem afetado o comportamento do FTSE (o baixo interesse por ações tem limitado o desempenho). Já o Dax subiu forte deixando de lado as incertezas políticas na Alemanha.

S&P – Os investidores americanos continuam acreditando na recuperação econômica (os dados de emprego divulgados ontem justificaram o otimismo) e em bons resultados das empresas e por isso as ações voltaram a subir em NY.

Bovespa – No dia em que o mercado mostrou vontade de descontar o descolamento em relação ao desempenho melhor das bolsas de fora, as ações da Vale não ajudaram (por causa da queda no preço dos metais no mercado internacional e das desconfianças que as alterações no comando da empresa estão provocando) e a alta ficou parecida com as de NY.

Commodities – A flutuação de preços já não é tão intensa no dia como há algumas semanas. A tendência da abertura dos negócios prevaleceu no fechamento de ontem. O petróleo e os metais caíram e os agrícolas apresentaram comportamento dúbio (trigo e milho recuaram e soja, açúcar e café subiram).

Ásia – Os investidores asiáticos ficaram divididos entre acreditar nos sinais de alta vindo das bolsas de NY ou temer pela elevação dos juros principalmente na China. Após hesitarem o dia todo (altas e baixas ao longo do dia na maioria das bolsas) deixaram a cautela de lado e deram crédito ao Ocidente. Já na bolsa de Shanghai os investidores preferiram o outro lado e o índice voltou a cair pelo terceiro dia seguido. Hoje à noite sai o PMI (expectativa nas indústrias) e um número bom pode triggar a ação do PBoC.

Commodities – Com o temor de alta de juros na China, os metais caem. Já o petróleo sobe ligeiramente e os agrícolas se comportam como ontem (alguns sobem e outros caem); sem oscilações bruscas.

Treasuries americanos – Superada a pressão dos leilões na semana, as taxas de juros voltaram a recuar no fechamento do dia de ontem. Entretanto há que se ressaltar que eles estarão de volta em poucos dias – com um déficit tão elevado não dá para ficar muito tempo fora do mercado. Hoje os mercados oscilam em torno da estabilidade.

Europa – A alta da inflação em Março faz prevalecer no mercado as apostas de elevação dos juros na próxima semana. Com isso o Euro sobe e as bolsas apresentam desempenho fraco. Após o fechamento dos mercados, o resultado do teste de estresse feito nos bancos irlandeses será divulgado e isso pode travar os negócios no dia.

S&P futuro – Diante da fraqueza das bolsas da Europa, o índice estava no zero a zero

- O fluxo cambial da semana passada voltou a ficar negativo (o primeiro do ano), mas o fato passou despercebido pelo mercado já que o volume de entradas superou mais de 30 bi em três meses. O fluxo financeiro teve comportamento atípico (ficou no zero a zero). Entretanto, isso já havia ocorrido anteriormente; só que desta vez a contratação comercial não ajudou.

- O BC de Taiwan subiu os juros de 1,625 para 1,75.

No relatório de inflação foi mencionado que o cenário é benigno em relação a três meses atrás. Disse que o custo de convergência da inflação para a meta já em 2011 é excessivo e que trabalha com um cenário mais realista apenas para 2012. Entretanto, o ponto crucial foi a menção de que a política monetária pode eventualmente ser reavaliada, em termos de sua intensidade, de sua distribuição temporal ou de ambos. O mercado leu como se houvesse possibilidade de surpresa na próxima reunião.

Amanhã o IBGE divulga a produção industrial de Fevereiro, para a qual a BGC Liquidez projeta crescimento de 0,4 pct. Aspectos sazonais que influenciam a produção no mês de fevereiro dificultam a análise do número, mesmo levando em consideração que o processo de dessazonalização contempla tais eventos (número de dias úteis e ocorrência, ou não, do carnaval). Outro evento relevante, que acabou “distorcendo” o número de fevereiro, foi o apagão ocorrido no Nordeste no início de Fevereiro que forçou indústrias do Pólo Petroquímico de Camaçari na Bahia a realizar paralisações não programadas para manutenção comprometendo toda a cadeia do setor e trazendo nossa projeção de 0,7% para 0,4%. Dessa forma, excluídos os eventos pontuais, o que se pode inferir é que não ficou evidenciada nenhuma mudança substantiva na dinâmica industrial brasileira no mês de Fevereiro. Os destaques positivos foram: Metalurgia Básica, Têxteis, e em razão do grande peso na indústria, a alta em Alimentos e Refino de Petróleo. Em Março, a ocorrência do carnaval, novamente tem potencial de causar ruídos (dessa vez negativamente) na produção do mês.

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