quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mercados

Moedas – Na 3ª, a instabilidade política prevaleceu ao call de alta de juros na Europa (feita por alguns membros do ECB). Ontem, foi o contrário e o Euro subiu arrastando outras moedas para o mesmo movimento (é necessário mais uma vez ressaltar que falta o posicionamento de Trichet sobre o assunto).

BRL – As atuações do BC nos leilões (dois a vista e dois a termo) fizeram a moeda brasileira se descolar do movimento de fora (Euro e AUD ganharam valor). A divulgação dos dados cambiais da semana passada evidenciou que o BC alterou seu procedimento no pronto e passou a squeezar os bancos dificultando o ajuste que eles têm que fazer em suas posições até o começo de Abril. Isso pode provocar pressões nas semanas seguintes, caso o fluxo de entrada venha a diminuir por qualquer razão.

Juros – Os dados de arrecadação maior e de um déficit menor na Previdência são indicativos de um resultado mais forte do Governo Central para Janeiro. Isso deveria ter contribuído para diminuir as desconfianças em relação à capacidade do governo em cumprir o ganho fiscal pretendido para 2011 e levado a uma queda nos juros. Entretanto, a forte alta no preço do petróleo e de algumas commodities agrícolas fez o mercado puxar os juros para cima. Hoje, tem o leilão do Tesouro e ultimamente ele tem validado as apostas do mercado e ajudado no movimento (entretanto há o risco do Tesouro recuar na colocação e prejudicar a estratégia, mas a favor do mercado conta o fato dele ser obrigado a rolar a dívida vincenda).

Bolsas – Ásia – Descontaram a baixa maior de NY no dia anterior. Indício de que as quedas observadas, em razão dos protestos contra diversos governos, pudessem parar (fato que não se confirmou).

Europa – Voltaram a cair com a crise líbia puxando novamente o preço do petróleo.

S&P – As bolsas de NY sofreram com o temor de desestabilização em países que são grandes produtores de petróleo e que já afetam fortemente os preços do óleo.

Bovespa – A crise dos países árabes é uma oportunidade para a Petrobrás vender suas vantagens comparativas (está num país socialmente tranqüilo e ó grosso de sua extração é feita no país). Em épocas de crise como a que estamos vivendo isso tem um valor diferente e por isso as ações da empresa tiveram desempenho melhor ontem fazendo com que a bolsa paulista subisse na contramão das demais.

Commodities – A instabilidade continuou no mercado de petróleo e fez com que as demais commodities recuassem. Entretanto, alguns agrícolas como soja e milho que tinham caído muito no dia anterior se recuperaram.

Ásia – Novamente as bolsas asiáticas repercutiram as quedas observadas na Europa e em NY. A queda na bolsa japonesa foi maior por causa da valorização indesejada da moeda japonesa (o USD ganhou valor ante o Euro e o AUD na sessão asiática). Pelo segundo dia consecutivo, a bolsa de Shanghai se descola das outras e sobe (a situação internacional fez sumir, por hora, o temor de aperto).

Commodities – O destaque continua sendo o petróleo (em alta) e metais e agrícolas recuam diante da perspectiva de ameaça do mundo recair novamente em problemas econômicos.

Treasuries americanos – As taxas caíam em resposta à instabilidade provocada pela crise líbia até o anúncio do resultado do leilão de papéis de cinco anos. A fraca demanda e a dúvida que provocou sobre as razões que poderiam ter levado a isso, em um dia que o normal teria sido uma corrida para treasuries – a chamada busca por segurança fez o mercado reverter o movimento ontem. Hoje, as taxas voltam a recuar com a instabilidade vista nos últimos dias predominando nos mercados.

Europa – Na abertura dos negócios na Europa, o brent mostrou forte tendência de alta e afetou as bolsas. Entretanto, a cotação do óleo recua das máximas (a Arábia Saudita disse que pode suprir a deficiência líbia) e os mercados apresentam melhora embora o movimento ainda seja de baixa.

S&P futuro – Caía 0,5 (às 08:00) numa sessão européia que abriu o dia com forte alta do petróleo e queda nas bolsas.

O fluxo cambial da semana foi superavitário em 960 MM. Entretanto, diferentemente do que vinha ocorrendo, o BC enxugou bem mais do que o saldo, fazendo a posição vendida dos bancos subir para valor acima de 13 bi. Como eles têm, em tese, que reduzir esse valor para 10 bi (segundo o BC) se não quiserem assumir o custo de compulsório, devem enfrentar uma pressão maior para fazerem o ajuste da posição (antes devem torcer para que haja fluxo e que o BC não o dispute com eles).

A crise árabe que vem afetando o preço do petróleo coloca o Brasil e a Petrobrás em evidência já que podemos ser considerados uma fonte segura do produto, o que não ocorre com os países que enfrentam problemas políticos. Num momento como esse, é compreensível que até mesmo se estabeleça um prêmio adicional ao petróleo brasileiro e que as ações da petroleira brasileira subam mais que suas peers. O que não se deve esquecer é que os problemas políticos podem afetar as empresas estrangeiras que porventura tenham alguma instalação no país (o que não é o caso da Petrobrás que explora o grosso da produção no país).

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