Uma demanda reprimida dos investidores pelas formas mais sofisticadas de acesso direto ao mercado (ou DMA) no segmento de ações da BM&F Bovespa começa, finalmente, a ser atendida.
Três novas modalidades de DMA estão disponíveis para o mercado desde quarta-feira passada. E, pelos planos da bolsa, os primeiros clientes já estarão operando até o fim desta semana.
"No próximos dias, calculamos que pelo menos meia dúzia de investidores comecem a negociar com o acesso direto", diz o diretor de operações da bolsa, André Demarco.
Grosso modo, trata-se de um recurso tecnológico que permite aos investidores enviar ordens de compra e venda diretamente à BM&FBovespa. É uma alternativa à tradicional transmissão das ordens por telefone aos operadores das corretoras, que as registram manualmente no sistema da bolsa.
O segmento de derivativos conta com os quatro modelos existentes de DMA (leia mais ao lado) há mais de ano - e as operações realizadas por meio deles representam cerca de 30% do volume do segmento BM&F. No segmento Bovespa, até o mês passado, só o modelo 1 estava disponível.
Das novas modalidades de DMA do segmento Bovespa, a número 4 - conhecida como co-location - é considerada a vedete. É nela, segundo Demarco, que chegarão os primeiros clientes.
No co-location, o investidor instala seu servidor dentro do centro de processamento de dados da BM&F Bovespa. Reduzida a distância física de onde as ordens são enviadas para o lugar em que são executadas, garante-se velocidade.
É disso que precisam os chamados investidores de alta frequência, em geral fundos que realizam milhares de operações por minuto usando algoritmos.
Volume maior
"O DMA já mostrou nos derivativos o que pode fazer. Ele tende a ampliar também o volume negociado no segmento Bovespa", afirma Daniel Mendonça de Barros, executivo da corretora Link, que prevê demanda maior pelo acesso direto via co-location para ações do que para derivativos.
No segmento BM&F, já há dez clientes de co-location ativos, entre investidores e corretoras, e outros sete em fase de ativação.
Não se trata, porém, de uma alternativa de amplo acesso. Para se instalar dentro da bolsa, o investidor precisa alugar um rack, espécie de "estante" onde são dispostos seus servidores.
Cada meio rack (unidade de comercialização padrão) para um dos segmentos de negociação da bolsa sai por R$ 10 mil mensais. Quem já tem meio rack para um segmento, paga R$ 5 mil mensais adicionais pelo outro.
A bolsa já tem em operação um espaço de co-location com 40 meios racks disponíveis, sendo que 33 já estão ocupados por investidores do segmento BM&F.
Outras 45 unidades estão em vias de ser contratadas - 13 só para o segmento Bovespa e 32 para ambos os segmentos. Segundo Demarco, a bolsa tem mais dois espaços de co-location, com 40 meios racks cada, prontos para entrar em operação.
Modalidades de acesso
• 1. DMA Tradicional
Modalidade mais simples de acesso direto ao mercado, o DMA 1 está disponível no segmento de ações desde 1999 e no de derivativos, há quase dois anos.
Nele, o cliente opera no sistema Mega Bolsa por intermédio da estrutura tecnológica da corretora. As ordens enviadas pelo cliente trafegam pela infraestrutura da corretora antes de alcançar o sistema eletrônico de negociação. O home broker é um exemplo.
• 2. DMA Via Provedor
Neste modelo, as ordens são enviadas via infraestrutura tecnológica fornecida por uma empresa provedora de serviços de roteamento de ordens, como a Cedro Finances ou a Marcopolo Networks.
Na prática, o cliente se conecta à rede da empresa provedora de DMA e ela ao sistema da Bolsa. As mensagens enviadas pelo investidor não trafegam pela infraestrutura tecnológica da corretora, como no DMA 1.
• 3. DMA via Conexão Direta
Na modalidade 3, o envio de ofertas é feito via conexão direta do cliente com a bolsa, sem a utilização de infraestrutura tecnológica intermediária.
Como ocorre em todos os outros modelos, no entanto, é a corretora que concede o acesso ao investidor, estabelecendo os seus limites operacionais no pregão e monitorando as operações que realiza nos dois segmentos.
• 4. DMA via co-location
As ordens de compra e venda do cliente são geradas por software instalado em seu servidor - ou computador - hospedado no centro de processamento de dados da bolsa.
Para fins de monitoração, configuração de parâmetros, administração e manutenção, o cliente possui acesso remoto ao seu equipamento. Ganha-se em proximidade e velocidade do processamento das ordens.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
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