sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Nova Ptax vai dificultar manipulação no câmbio e casado

A Ptax, taxa do BC para o dólar à vista, é usada como referência na liquidação dos contratos futuros
A decisão do Banco Central de alterar o cálculo da Ptax vai dar maior transparência na formação de preços e ajudará a coibir a manipulação no câmbio, disse Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora.
"A medida pode ter algum efeito marginal antecipado, mas seu principal objetivo é melhorar a transparência do mercado e dificultar manipulações", disse Nehme, que trabalha com empresas exportadoras e importadoras brasileiras.
Segundo o executivo, entre as manipulações que podem ser evitadas estão o fechamento de operações com registro em horários diferentes e as chamadas operações "Zé-com-Zé", pelos quais bancos realizariam compras com valores combinados para aumentar ou diminuir os preços.
As mudanças com maior potencial de diminuir as manipulações são a limitação do horário para apuração da Ptax para entre 9h50 e 12h50 e o expurgo das maiores e menores cotações. "O BC provavelmente quis concentrar as apurações nos horários de maior movimento porque é quando o risco de manipulação é menor".
Para Nehme, a mudança poderá afetar as operações conhecidas como dólar casado, nas quais os investidores combinam compras e vendas nos mercados à vista e de futuros. A Ptax, taxa do BC para o dólar à vista, é usada como referência na liquidação dos contratos futuros.
Casado
"Nas operações casadas, os bancos giram bastante o dólar à vista, influenciam a Ptax e isso repercute nos futuros", disse.
De acordo com ele, o efeito da medida nas cotações será limitado. "O dólar cai não apenas pela pressão dos futuros, tanto é que o efeito de um swap cambial também seria um engodo".
Para Nehme, a única alternativa mais efetiva para segurar o real seria diminuir o limite de exposição dos bancos ao risco cambial por meio das posições vendidas.
"Os bancos podem captar com suas linhas dólar a 3% ou 4% ao ano, usando os reais obtidos na conversão como funding ou para operar cupom no mercado interno", disse.
O diretor da NGO acredita que o dólar deve subir naturalmente após o fluxo de Petrobras passar, com as remessas de fim de ano.
Nehme considera que a situação atual é conveniente para o BC, pois o real apreciado ajuda a baratear as importações, favorecendo o cumprimento da meta de inflação.
"As exportações são prejudicadas, mas as empresas sobrevivem vendendo ao mercado externo", disse.
"O dólar vai subir mais à frente pelo próprio desempenho da economia, porque o déficit em conta corrente está aumentando e os investimentos de maior qualidade estão diminuindo com o real forte".

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