quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O real está condenado à valorização

“Não haverá crises financeiras no Brasil nos próximos anos”
Para economista da FGV, compra de dólares é apenas medida de emergência, e representa gastar recursos de forma deficiente.
A elevada liquidez no mercado financeiro internacional e a atração que representa o pré-sal são dois fatores que fazem com que a tendência seja de valorização da moeda brasileira daqui para a frente, analisa Ernesto Lozardo, professor da Fundação Getúlio Vargas.
Faz sentido colocar o fundo soberano para comprar dólares e reduzir o dólar?
É uma medida de emergência, não é estrutural. O real está condenado à valorização e isso vai continuar, porque há muita liquidez no mercado mundial e o porque o Brasil é uma das opções mais interessantes por conta de projetos como o pré-sal e a capitalização da Petrobras.
É um país no qual não dá para imaginar uma crise fiscal ou cambial. Não haverá crises financeiras no Brasil nos próximos anos.
Então usar o fundo soberano é insuficiente?
É. Aliás, o Brasil, mesmo quando teve um período de taxa de câmbio valorizada, em 97 e 98, suportou muito, e o volume de exportação continuou a crescer.
Mais do que o câmbio, o que afeta as exportações é a recessão na economia mundial.
Isso e os problemas estruturais do Brasil, como a alta carga tributária, a fraca infraestrutura, a mão de obra pouco qualificada. Não é o câmbio que vai mudar isso.
Trata-se de um desperdício inútil de recursos ou faz sentido para antecipar a operação de capitalização da Petrobras?
Com o real tão alto, fica muito barato comprar ações da Petrobras na operação desta semana. Essa é uma forma de as encarecer. Mas claro que é gastar recursos de forma deficiente.
Não vai resolver nada, a não ser uma menor valorização durante 2 ou 3 meses.
Vai forçar a inflação, afetar a competitividade interna nos importados e até pode causar desemprego local. Mas é melhor que colocar restrições à entrada de capital no Brasil.

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