Nesta semana o evento oferta de ações da Petrobras chega ao fim. Pelo menos em termos financeiros, já que na quarta-feira, dia 29, acontece a liquidação financeira da oferta.
Então, todos os dólares que tinham de entrar no país em função dessa operação devem estar internados até o dia 27 em função do prazo de liquidação de dois dias.
Passado o evento, apontado como principal fonte de pressão sobre a cotação do dólar, a pergunta que se faz é: e agora, para que lado vai a taxa de câmbio?
Estrangeiro está vendido em US$ 8,14 bilhões na BM&F
O economista-chefe do Banco Safra de Investimento, Cristiano Oliveira, encara todo esse processo envolvendo a Petrobras como um catalisador, ou seja, um agente que acelerou um processo que já estava em andamento, que era a apreciação do real.
Findo o efeito desse catalisador, continuam prevalecendo os fundamentos macroeconômicos globais e locais que balizam essa valorização da moeda brasileira. Em outras palavras, nada muda.
Pelo campo externo, diz Oliveira, o viés do dólar continua sendo de baixa. O mercado está certo em elevar o preço do euro para US$ 1,33/US$ 1,34. "Antes, se pensava em alta de juros na economia americana no final de 2010. Agora, se discute a adoção de novas medidas de estímulo nos Estados Unidos", diz o especialista, lembrando que, até mesmo quando a economia americana começar a crescer com algum vigor, o dólar continuará perdendo valor em função da inflação que acompanhará esse processo.
Pelo lado local, a história também continua a mesma. O Brasil é um dos poucos países que oferece as duas coisas que os investidores ao redor do mundo estão procurando: retorno e crescimento.
Temos juros nominais de 10,75% e crescimento do PIB estimado em 7,5% em 2010, e 4,5% em 2011.
Além de reunir os dois atributos mais procurados no momento, o Brasil ainda oferece um seguro de mais de US$ 270 bilhões em reservas e uma probabilidade de default soberano inferior a muitos países agraciados com rating "A". Todas as qualidades são reconhecidas, mas parte do mercado também acredita que a onda de valorização do real, se não chegou ao fim, perde bastante força.
Entre as justificativas, a piora das contas externas. O déficit em conta corrente é crescente e o próprio Banco Central (BC) revisou para baixo suas estimativas de ingresso via Investimento Estrangeiro Direto (IED) para este ano.
Outro nó a ser desatado está no mercado futuro. Até o dia 23, último dado disponível, a posição vendida (aquela que ganha com a valorização do real) dos estrangeiros em dólar futuro somava US$ 8,14 bilhões. O investidor institucional nacional também estava vendido em outros US$ 4,26 bilhões.
No lado oposto estão os bancos, com posição comprada (aquela que ganha com a valorização do dólar) de US$ 7,25 bilhões, e o grupo outras pessoas jurídicas financeiras, comprado em US$ 4,08 bilhões.
Há quem enxergue nessa posição comprada dos bancos o sinal de que a próxima movimentação do dólar é para cima. O raciocínio aqui é o seguinte: a posição vendida no mercado à vista vem sendo reduzida com uso dos dólares que vieram para a oferta de ações da Petrobras.
Essa redução de posição à vista aliada à compra de contratos futuros está reduzindo substancialmente a exposição líquida dos bancos, que caiu de mais de US$ 10 bilhões, no começo do mês, para cerca de US$ 4 bilhões.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário