sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mercados

Moedas – O ECB não mexeu nos juros e a moeda européia recuou forte (se ajustou ao movimento observado com as demais – enquanto o AUD recuava 2 pct nos primeiros três dias da semana, o Euro subia ligeiramente). Em meados de março (momento em que a perspectiva de alta dos juros começava a se delinear), o Euro valia 1,39. A situação na Europa é pior hoje (Portugal está às portas do IMF/EU, o questionamento sobre renegociação da dívida grega se intensificou, houve derrotas políticas que dificultam a ação de governos). A trajetória do Euro pode se alterar com a decisão do BC europeu e ter implicações nos outros mercados. Algumas moedas poderiam sofrer se as commodities recuassem de preço por conta disso. Elas já sofrem com alguns desequilíbrios na China (caso do AUD).

BRL – A possibilidade de alta do USD (derivada da mudança de postura do ECB) e da queda no preço de commodities pode afetar as moedas de países players de produtos básicos como o Brasil. Por isso, a prudência leva os investidores a desmontarem suas posições. Esse é o movimento que se observa aqui e respalda a queda da moeda. Coincidentemente, a oferta de dólares está mais escassa e aprofunda a tendência.

Juros – O Tesouro não ampliou a oferta de papéis como era de se esperar (no Cronograma evidenciou o desejo de colocar mais 5 bi que em Abril). Não se pode falar que tenha sido pequeno, apenas não foi maior. Mesmo assim, as taxas dos DIs recuaram. O mercado de juros também respondeu à decisão do ECB. Pode haver nos próximos meses uma combinação de eventos que venha a mudar o view pessimista. Espera-se que o IPCA recue em Maio e Junho. Uma queda no preço de commodities pode fazer com que o horizonte de baixa se estenda e afete a curva de juros futura. O aumento da incerteza pode levar o mercado a reduzir o risco em posições altistas.

Bolsas – Ásia – A queda do dia anterior foi influenciada por um relatório do PBoC que registrava de maneira formal a conduta monetária prudente. O mercado reavaliou a leitura e as bolsas subiram na Ásia (Tóquio e Seul ficaram fechadas). Apesar da melhora, as incertezas persistem (China e Japão têm incomodado nos últimos meses) e ações de vários setores ainda se comportam de forma muito instável (Basic Materials, Oil & Gas).

Europa – Até a divulgação de dados ruins na Alemanha e em UK, as bolsas européias subiam descontando a melhora de NY na tarde do dia anterior (mesmo com o balanço ruim de bancos). Os dados encontraram terreno fértil para prosperarem (negativamente) e quando o ECB acenou com a estabilidade dos juros e as moedas e commodities caíram as bolsas consolidaram a baixa.

S&P – Tentou se desalinhar do resto, mas as principais empresas americanas (e do S&P) estão muito mais ligadas ao que acontecesse fora dos US do que dentro. Com isso acompanhou as baixas na Europa. Com a continuidade da queda das commodities (muito forte no petróleo) os destaques de baixa continuaram sendo os Basic Materials e Oil & Gas.

Bovespa – Como a bolsa paulista havia caído antes, a perda de ontem se concentrou nas ações de petróleo por causa do forte recuo dos preços no mercado internacional. Entretanto, cabe assinalar que a instabilidade nos setores diretamente ligados às commodities persiste por causa da possibilidade de reversão na trajetória da moeda americana.

Commodities – A parada do ECB nos juros é um elemento que pode fazer com o USD mude a trajetória de desvalorização observada desde Agosto do ano passado (o outro é o próprio termino do QE2 em Junho). A perda de valor da moeda americana tem sido responsável pela alta das commodities. Neste momento, os preços têm recuado nos diversos segmentos (há preocupação com a demanda chinesa nos metais, há sobre-oferta no petróleo segundo a Arábia Saudita e indicações de aumento de safra associado à liberação das exportações que estavam fechadas em alguns países).

Ásia – Os mercados asiáticos abriram com fortes baixas, mas se recuperaram ao longo do dia (se limitaram a reproduzir o movimento na Europa e em NY). As bolsas que haviam ficado fechadas (Tóquio só havia funcionado na 2ª e Seul não abriu ontem) fecharam os dias com as maiores perdas. Nas demais elas foram mais tímidas. As ações de Basic Materials e Oil & Gas continuaram em baixa. O Euro que ontem triggou o movimento de diversos mercado chegou a se recuperar na sessão asiática. Foi ajudado pela alta do AUD levado para cima pelas declarações do RBA de que uma elevação das taxas de juros é possível mais adiante.

Commodities – Depois das fortes quedas de ontem, alguns agrícolas já se recuperam. Entretanto, o petróleo volta a cair mais de 2 pct e os metais também prosseguem caindo.

Treasuries americanos – A continuidade da queda de preços nos diversos mercados fez os juros prosseguirem em queda ontem. Como os mercados dão uma pausa no movimento, os juros apresentam estabilidade na sessão européia dos futuros.

Europa – O Euro tem maior sustentação na abertura dos negócios por causa da observação de Trichet de que o ECB esta em alerta com a inflação (viés altista nos juros). Com isso, as bolsas param de cair de forma generalizada. O Dax apresenta alta respondendo à maior produção industrial de Março e o FTSE recua por dados econômicos e notícias corporativas. As demais bolsas da região também apresentam comportamento misto.

S&P futuro – Mostrava alta de 0,5 (às 08:00) na sessão européia, mas o dia será definido com a divulgação dos dados de emprego.

- A colocação de títulos por parte do Tesouro não foi maior como se poderia interpretar do Cronograma de Maio divulgado na 6ª passada. Para aumentar a colocação em 5 bi, num mês com uma semana à menos de leilão, necessariamente teria que aumentar a oferta. Entretanto, há que se ressaltar que a abundante liquidez do sistema bancário, “zanzando”” no over-night, pode ir para aplicações mais longas se as pressões inflacionárias arrefecerem. Afinal, os juros brasileiros são elevados nominalmente

O finlandês Olli Rehn (ligado ao partido do atual primeiro-ministro que perdeu as eleições no mês passado) disse ontem que se a Finlândia não aprovar não haverá ajuda à Portugal (provocaria um caos na Europa). É possível que a afirmação tenha um viés político – uma resposta àqueles que votaram contra seu partido. Felizmente, o True Finns está disposto a rever sua posição e acompanhar os partidos da nova coalizão que está sendo montada. O fato é um indicador relevante das fragilidades políticas que os governos enfrentam para contornar os problemas financeiros da Europa. A sustentação de um Euro forte vai se complicando com o tempo.
A parada na alta dos juros na Europa pode iniciar um período de pausa e até reversão no processo de desvalorização do USD. Há que não esquecer que no fim de Junho termina as compras de títulos pelo Fed (QE2). Tal ocorrência, se acontecer, pode ter implicações (profundas) nos mercados de moedas, mercadorias e juros.
O atual primeiro ministro português (que deixa o cargo nos próximos dias) vê nas condições rígidas do IMF/EU uma chance do país corrigir seus problemas estruturais. Sem dúvida, essa visão de que o Portugal tem a ganhar no longo prazo é verdadeira. Entretanto, no curto prazo a questão deve ser vista sob outro ângulo: exigirá sacrifícios no curto/médio prazo que podem causar muito ruído interno (principalmente político). Exatamente porque o histórico não é de disciplina como acentuou o próprio primeiro ministro.

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