quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mercados

Moedas – Repercutindo dúvidas sobre a capacidade dos gregos resolverem seus problemas financeiros sem recair em um haircut na dívida (os juros dos sovereign bonds do país atingiram highs preocupantes), o Euro perdeu valor apesar da recuperação dos mercados. Já o AUD seguiu o trend e subiu. Entretanto, não se deve esquecer que a primeira ministra e o ministro de finanças externaram, recentemente, um incômodo com o trend de alta da moeda.

BRL – Como a situação se acalmou lá fora, o mercado voltou a forçar a alta da moeda brasileira no final do pregão mesmo com uma atuação mais forte do BC (comprou 550 MM na estimativa da BGC Liquidez). Os gringos aproveitaram o movimento e reduziram a posição vendida em 300 MM (agora soma 18,3 bi).

Juros – A recuperação observada no exterior fez o mercado corrigir a baixa da 3ª. Hoje tem leilão e se o Tesouro insistir em repetir os volumes da semana passada isso pode gerar pressão no mercado de DI já que daqui a três dias outro leilão será realizado.

Bolsas – Ásia – As bolsas que haviam caído no dia anterior se recuperaram ontem. Esses movimentos evidenciam que os investidores não estão sabendo lidar com a presença mais constante de eventos físicos que trazem muito ruído ao ambiente econômico.

Europa – Reagiu ao mercado asiático e respaldando-se em dados econômicos favoráveis subiram (não zeraram as perdas do dia anterior).

S&P – Na 3ª, as bolsas de NY se recuperaram das perdas iniciais (parece que adivinharam que a Ásia se recuperaria). Com isso, ficaram no zero a zero ontem (o discurso de Obama sobre cortes no orçamento contribuiu para esfriar o mercado). Entretanto, é importante acrescentar que apesar do resultado positivo de um grande banco americano as ações de Financials recuaram porque os bancos poderão ter que assumir perdas que impuseram aos proprietários de imóveis hipotecados após questionamento da justiça sobre a forma de recuperá-los.

Bovespa – Chegou a colar na recuperação observada no exterior, mas recuou com a baixa das bolsas americanas. Nos últimos dias uma série de ofertas pode estar drenando recursos do mercado secundário acentuando o movimento de baixa (caso de Gerdau, Magazine Luiza e T4F). Afinal, como o próprio mercado gosta de dizer: “Bolsa é fluxo”.

Commodities – Os metais continuaram caindo, mas o óleo voltou a subir (o trigger da melhora foi a recuperação na Ásia). Já entre os agrícolas, o comportamento foi desencontrado com destaque para a baixa do açúcar e alta do café.

Ásia – Os mercados asiáticos se comportaram de maneira apática hoje, depois de se recuperarem de perdas na 4ª. As bolsas chinesas recuaram (as ações de Basic Materials foram destaque de baixa) e levaram junto a Austrália. No Japão e na Coréia, o Nikkei e o Kospi ficaram o dia todo no vermelho e subiram no final sem um trigger explícito.

Commodities – Repercutem os problemas europeus e caem (as perdas ocorrem em todos os segmentos).

Treasuries americanos – Os treasuries não precificaram a melhora observada nos outros mercados e as taxas voltaram a recuar ontem. Chegaram a apresentar alta, mas a tendência se inverteu com o recuo das bolsas em NY. As dúvidas na Europa fazem os diversos ativos caírem e empurram os juros mais para baixo hoje.

Europa – A questão grega (dúvida sobre haircut na dívida) que ontem afetou o Euro, hoje se espalha com força para os demais países periféricos e contamina os diversos ativos. É muito provável que o ECB tenha que retornar ao mercado – com força - para comprar sovereign bonds e acalmar o mercado.

S&P futuro – Arrastado pela Europa, recuava 0,65 às 08:00.

- O governo Obama está nas mãos dos Republicanos. No final do ano passado foi obrigado a expandir os gastos porque o partido opositor não aceitava que concessões feitas por Bush fossem canceladas. Ontem, anunciou que o governo vai propor cortes que a oposição está estudando. Tudo para ver garantida a aprovação do aumento no teto de endividamento que já está perto do limite

Ainda é muito cedo para se tirar qualquer conclusão sobre o efeito das medidas cambiais do governo, mas nas últimas três semanas houve forte recuo das entradas financeiras e isso facilitou a atuação do BC (embora não tenha afetado a trajetória de valorização do BRL). Na semana passada, nos dias em que a moeda brasileira apresentou forte alta (5ª e 6ª), o fluxo foi negativo. Como os gringos não estão aumentando suas posições vendidas no futuro, isso explica porque o USD voltou a subir esta semana. Se o movimento é transitório ou não só o tempo dirá e o alcance das medidas estará no centro da questão. O que não se pode fazer é descartar à priori – como se fez a semana passada – a eficácia da ação (que abrange um grupo amplo de operações do BP).

Os problemas com os países da periferia européia estão de volta ao centro das preocupações. Diferentemente do ano passado em que a situação escapou do controle por falta de coordenação entre os dirigentes para que decisões fossem tomadas com agilidade, hoje o foco da preocupação é outro mais grave: a solução apresentada não parece ter resolvido a questão. O problema maior é que encontra terreno fértil para se propagar, seja porque a dirigente alemã e o presidente francês têm perdido apoio político em seus países, seja porque a situação dos outros membros (Portugal, Irlanda e a própria Espanha) talvez seja ainda pior (na Irlanda e em Portugal há muita resistência em abraçar medidas restritivas).

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