quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mercados

Moedas – Uma entrevista de Trichet a uma publicação finlandesa reforçando a perspectiva de alta dos juros na próxima reunião puxou o Euro (o mercado está relevando a subida no spread dos sovereign bonds de alguns países europeus). O movimento ajudou a consolidar a desvalorização de outras moedas em relação ao USD (houve boatos no mercado de juros de permanência do programa de estímulo monetário – será?).

BRL – Acompanhou o movimento de fora. O dia começou com baixo volume de negócios (as transações no mercado interbancário foram ainda menores ontem e acabaram contaminando o futuro – o BC comprou só 40 MM) e foi melhorando com a alta das bolsas internacionais (view positivo sobre o crescimento mundial). O BC não anunciou a rolagem do swap – agora só tem hoje ou amanhã para fazer isso – e pode com esta atitude contribuir para a alta do BRL, pois o mercado pode entender que não fará a operação. Se o BC (o player mais importante na compra de USD) não rolar, pode provocar ajustes de curto prazo mais intensos na moeda.

Juros – Com dados fiscais melhores e discursos de autoridades confiantes nos efeitos positivos das medidas tomadas até aqui, acabou devolvendo a alta do dia anterior. O fato da interpretação do comunicado não durar um dia evidencia que o mercado não está convicto sobre a trajetória futura.

Bolsas – Ásia – As preocupações com o Japão e com a China voltaram a prejudicar as bolsas da região. Uma informação não confirmada pela agência reguladora de que os cinco principais bancos necessitam ampliar o capital fez a bolsa de Shanghai recuar. A medida pode afetar o crédito. Já o Nikkei voltou a cair por conta da queda na produção de veículos (uma agência de rating colocou a nota das montadoras em outlook negativo). Mesmo em outras praças, o balanço das empresas que tem feito as ações de várias empresas subirem no ocidente não foi suficiente para convencer os investidores (as dúvidas macroeconômicas estão se sobrepondo às questões corporativas).

Europa – Os eventos corporativos (temporada de earnings está no auge) prevaleceram na Europa. As preocupações macroeconômicas refletidas nas elevações dos spreads dos sovereign bonds da Grécia e de Portugal ou na subida do Euro (aumento dos juros) foram deixadas de lado e as bolsas européias puderam acompanhar as altas de NY de 5ª à tarde e de hoje.

S&P – Os earnings e warnings têm feito o preço das ações subirem nos últimos dias e isto não foi diferente ontem. A IBM anunciou que vai aumentar a distribuição de dividendos e o volume de buyback. Além de valorizar as ações da empresa, propagou efeitos positivos para o mercado como um todo. Há que se ressaltar, entretanto, que o volume de ações negociados na NYSE não se alterou – continuou fraco.

Bovespa – A tendência de alta das bolsas na Europa e em NY ajudou a bolsa paulista a subir. Entretanto, o desempenho ruim de vários setores relevantes para o índice (petróleo, mineração e siderurgia) fez o mercado brasileiro apresentar desempenho pior..

Commodities – Dia de pouco brilho nos diversos segmentos (as ações ficaram com as atenções dos investidores). O petróleo subiu ligeiramente em Londres (mesmo com o alerta saudita de que pode aumentar a produção se for necessário). O cobre se recuperou (de forma discreta) das perdas dos dias anteriores e os grãos devolveram um pouco da alta de 2ª.

Ásia – As bolsas asiáticas abriram com gap de alta, mas a maioria não sustentou o movimento e acabou fechando no vermelho. No início prevaleceu o efeito dos ganhos na Europa e em NY no dia anterior (o mercado não levou a sério o outlook negativo da S&P para o rating do Japão). Os investidores teriam passado a se animar com os earnings e warnings das grandes corporações mundiais. As praças que melhor retrataram isso foram Tóquio e Taiwan, alias a bolsa japonesa é a que mais adere à NY. Os mercados na China (Shanghai e HK), na Austrália e na Coréia continuaram afetados pelas questões macro que vêem dominando as atenções dos investidores. A dúvida é a mesma: a necessidade de conter a expansão econômica por causa da inflação (na China, circularam rumores de que o governo pode apertar ainda mais as condições de compra de imóveis). O USD continuou perdendo valor na sessão asiática.

Commodities – Os metais voltam a cair (dúvidas sobre China) assim como os grãos. O petróleo sobe ligeiramente.

Treasuries americanos – A reunião do Fed e especulações de que poderia estar considerando a manutenção de estímulos que fizessem os juros permanecerem baixos fez os juros recuarem ontem mesmo com o leilão de papéis de 2 anos. Hoje serão vendidos mais 35 bi de títulos de 5 anos e as taxas se recuperam do forte recuo de ontem.

Europa – Novamente a alta no spread dos sovereign bonds da Grécia e Portugal (hoje até o da Irlanda vai junto) não prevalece sobre a decisão dos investidores. O foco de atenção continua sendo os resultados e os warnings das empresas. Com isso, as bolsas européias prosseguem descontando a subida de NY ontem.

S&P futuro – O mercado está à espera do discurso de Bernanke hoje às 15:15 e o índice mostra-se estável na sessão européia.

- A agência de regulação bancária chinesa desmentiu a informação divulgada ontem de que houvesse alterado o limite mínimo de capital exigido dos bancos.

- Os dados das contas externas de março, divulgados pelo BC, explicam a razão das medidas tomadas no final do mês passado. Os empréstimos de curto prazo somaram quase 6,7 bi (o fluxo cambial ficou em torno de 12,7 bi). As outras principais fontes de recursos externos foram: os desinvestimentos de brasileiros 3.3 bi e os investimentos diretos de estrangeiros 4,9 bi (rubricas que não seria sensato tributar). Os empréstimos com prazo superior a 360 dias alcançaram 5,7 bi. Na ponta contrária, os principais usos foram: 4,7 bi de déficit em conta corrente (tomado como referência a balança contratada) e as compras de dólares pelo BC (8,8) e a redução da posição vendida dos bancos (3,9 bi).

- A combinação de uma forte subida na arrecadação com queda nas despesas fez o resultado do Tesouro de Março ser muito melhor este ano. Entretanto, a queda nas despesas vai precisar se aprofundar ainda mais, nos próximos meses, para que os cortes anunciados em Fevereiro possam se concretizar. O momento não é para euforia ou desconfiança por parte do governo ou analistas, mas as indicações para o futuro são promissoras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário