Moedas – A forte alta no spread dos papéis da Grécia, Irlanda e Portugal fez o Euro perder valor (nada substantivo, entretanto). O movimento ficou restrito à moeda européia (sinal de que o mercado não vê risco do problema se espalhar – será que isso está certo?). O AUD voltou a subir mesmo com o receio de aperto monetário na China (o vice presidente do PBoC externou confiança na queda da inflação e disse que a apreciação da moeda ajudaria).
BRL – O mercado está avaliando a alta do Euro como um evento pontual e restrito à Europa (o comportamento de várias moedas ratifica isso) e por isso a moeda brasileira continuou a subir. É fato que a alta não foi significativa porque os negócios no interbancário evidenciam que o fluxo está menor (o BC comprou 380 MM). Além disso, os gringos reduziram ligeiramente sua posição vendida no futuro (400MM).
Juros – A fala de Tombini deu fortes indicações de que a alta da Selic será mantida em 0,50 na reunião de 4ª. Com isso, os DIs futuros puxaram as taxas curtas e derrubaram as taxas longas (o mercado avalia que esse comportamento é o mais adequado e por isso faz o movimento de queda dos longos – a possibilidade da inflação convergir para a meta é maior).
Bolsas – Ásia – As bolsas asiáticas caíram não por causa das baixas na Europa (assim como NY relevaram o assunto). Os dados chineses vieram mais fortes e fez ressurgir o temor de aperto monetário e que poderia ser iminente (as declarações do vice presidente do PBoC foram feitas depois do mercado fechado: ele mencionou que acredita que a taxa recue até o final do ano e que a apreciação da moeda ajudaria). As quedas nas bolsas de Tóquio e de Taiwan foram mais pronunciadas porque o Iene tem apresentado alta e isso prejudica as empresas exportadoras e, no caso do Taiex, os gringos voltaram a vender ações (posição mais freqüente esta semana).
Europa – As bolsas européias foram afetadas pela alta de juros de títulos dos países considerados problemáticos. Entretanto, os investidores ingleses e alemães continuaram acreditando que a situação possa ser contornada. A alta das bolsas americanas (amparadas em dados positivos) ajudou a consolidar a subida daquelas praças. Há que se considerar, entretanto, que a Alemanha e UK torcem para que os problemas não se agravem, mas as condições políticas internas não são favoráveis
S&P – Os investidores americanos continuaram relevando os problemas europeus e com dados econômicos considerados encorajadores compraram ações e fizeram NY fechar em alta.
Bovespa – Depois de sucessivas baixas, o mercado aproveitou a resistência de NY e voltou a subir. Entretanto, é importante assinalar que o gap entre a bolsa paulista e o S&P voltou a subir com as baixas desta semana, alcançando as máximas observadas em Fevereiro (mês em que as desconfianças em relação a temas importantes – inflação, disciplina fiscal, independência do BC e desequilíbrios externos – fizeram a bolsa despencar).
Commodities – O destaque do dia foi a alta do petróleo (tanto em Londres quanto em NY). Os metais mais uma vez caíram e os grãos tiveram comportamento misto. As quedas iniciais acabaram não vingando (a melhora dos mercados em NY acabou minimizando os temores com a Europa e China).
Chegaram a apresentar quedas fortes no pior momento do dia, mas se recuperaram um pouco ao longo do dia. Apenas o petróleo negociado na Nymex subiu.
Ásia – A China voltou a aumentar o compulsório bancário e fez as bolsas asiáticas apresentarem desempenho ruim. Mais uma vez a região é afetada e a própria China não – a bolsa de Shanghai subiu. Entretanto, uma explicação para isso é a instabilidade (econômica e política) no Japão, onde a alta do Iene voltou a pressionar as ações das empresas exportadoras, que acaba afetando a Ásia como um todo. O mercado asiático não repercutiu a derrota do partido do primeiro ministro finlandês que pode colocar em risco a Zona do Euro.
Commodities – O petróleo cai refletindo a fala do ministro de petróleo saudita (disse que há excesso de oferta e teve que reduzir a produção por falta de comprador). Os metais estão no zero a zero (não ligaram para o aumento do compulsório) e os agrícolas sobem ligeiramente.
Treasuries americanos – A inflação menor que o esperado e a instabilidade nos mercados de sovereign bonds europeus provocaram quedas significativas dos juros na 6ª. A instabilidade na Europa joga os juros mais para baixo ainda hoje.
Europa – A situação na Europa continua se deteriorando. O spread dos títulos dos chamados países periféricos volta subir com força hoje a arrasta as bolsas e o Euro para baixo. Mais um problema veio se somar ao risco de reestruturação da dívida grega e default de Portugal. A derrota do governo finlandês coloca em risco a unidade européia (unidade por que qualquer decisão depende da aprovação de todos os países para valer) depois que o povo deu sinais de que não quer que o país dê mais ajuda aos outros países. As derrotas políticas recentes de Merkel e Sarkozy estão fazendo com que Alemanha e França pouco falem sobre o assunto – o que torna a situação muito perigosa.
S&P futuro – Arrastado pela Europa o índice recuava 0,5 às 08:00.
- A China aumentou o compulsório bancário em 0,5 pct.
- O partido do primeiro ministro finlandês sofreu forte derrota nas eleições de ontem e deve deixar o poder assim que os novos parlamentares assumirem em Junho.
- Um membro do ECB está pedindo que a retórica de luta contra a inflação seja deixada de lado em razão dos problemas financeiros nos países da Europa.
- O ministro de petróleo saudita disse que o mercado está com excesso de oferta e que em Março o país teve que reduzir a produção em 800 mil barris.
Segundo as agências de notícias, o presidente do BC teria dito que o país está no meio de um ciclo de aperto monetário e que mesmo tendo subido os juros em 300 bps desde 2010 ainda há mais trabalho a ser feito olhando para frente. Um inequívoco sinal (espera-se que Tombini não faça o mesmo que Mantega e volte atrás) de que as taxas continuarão subindo na próxima reunião. Se a visão é a de que o processo deve continuar porque reduziria o ritmo de alta de 50 bps para 25 bps. Não faria sentido (25 bps de alta é para quem está pensando em parar). Querendo ou não, de fato, Tombini pode ter oficializado uma decisão antes que a reunião ocorra.
Nos dois últimos dias da semana passada, o spread dos sovereign bonds dos chamados países europeus problemáticos subiu de forma relevante. No centro da questão, estão Grécia, Portugal e Irlanda, mas a Espanha também sofreu e a trajetória de baixa dos spreads que ocorria desde o pico do final de Novembro (quando a Irlanda foi empurrada para o EFSF) se inverteu bruscamente. As dúvidas que estão surgindo em relação aos três países podem fazer o spread dos títulos espanhóis subir como aconteceu no final do ano passado. Se a escolha de Portugal vier a penalizar investidores, o risco da Espanha vir a ser considerada a bola da vez aumenta muito e isso pode gerar muita instabilidade nos mercados.
Algumas pedras surgiram no caminho do Fed/Tesouro e de seu QE2/expansão de gastos públicos na empreitada de fazer a economia americana crescer e reduzir o desemprego. Primeiro foram os conflitos nos países árabes, depois o terremoto no Japão e agora o recrudescimento dos problemas europeus. Faltam 80 dias para o programa de compras cessar e a situação internacional pode fazer com que as incertezas sobre a perspectiva futura das economias ainda persista (teria feito um grande esforço e no fim do processo as dúvidas permaneceriam).
segunda-feira, 18 de abril de 2011
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