terça-feira, 25 de maio de 2010

PERSPECTIVA BANCOS: Ações do Itaú Unibanco devem sofrer com venda do BofA

São Paulo, 25 de maio de 2010 - A venda da participação do Bank of America
(BofA) no Itaú Unibanco, confirmada na última quarta-feira, deve trazer um
impacto negativo para as ações do banco privado brasileiro, segundo analistas consultados pela Agência Leia. No pregão seguinte à divulgação, as ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4) tiveram uma desvalorização de 5,11%, enquanto as ordinárias (ITUB3) depreciaram 5,68%.
O Itaú Unibanco informou no último dia 18 a oferta para alienação, pelo Bank of America, de 188.424.758 ações preferenciais de emissão do Itaú Unibanco na forma de American Depositary Shares (ADS), que estavam detidas com o Bofa, e que representam aproximadamente 8,4% do total de ações preferenciais do Itaú Unibanco. A alienação será feita através de uma oferta secundária de ADS de circulação restrita, com estimativa de encerramento ainda neste mês.
Também foi divulgado na ocasião a celebração de contrato entre Itaúsa e
Bofa, pelo qual a Itaúsa irá adquirir 56.476.299 ações ordinárias de emissão do Itaú Unibanco que estavam sob propriedade do Bofa, e que equivalem a 2,5% das ações ordinárias do Itaú Unibanco.
Com essa nova configuração, a Itaúsa aumenta de 35,43% para 36,68% sua
participação no capital social do Itaú Unibanco. O preço a ser pago por cada ação ordinária será correspondente ao preço de aquisição de uma ADS, que será definido por meio da oferta secundária.
A Ativa Corretora lembra que essa operação não pegou o mercado de surpresa, já que no ano passado rumores sobre uma possível alienação do Bofa no Itaú Unibanco já foram levantados.
A corretora nota que, mesmo se tratando de uma oferta de ADS que será
realizada nos Estados Unidos e em outros países, por conta de seu tamanho, o negócio "exerce pressão indireta sobre as preferenciais do banco no Brasil". Em sua visão, o anúncio deve trazer "volatilidade para as ações preferenciais do Itaú Unibanco no curto prazo".
Em relação ao impacto dessa reestruturação para a Itaúsa, a corretora diz
que ainda é necessário avaliar o preço que será pago pela participação.
Entretanto, revela que as atuais cotações de mercado "indicam um prêmio de 26% das preferenciais sobre as ordinárias".
Por conta desse cenário, a Ativa conclui que, a não ser que as ações
preferenciais "cedam de modo a zerar esta diferença no preço da oferta", a
Itaúsa poderá ter de pagar um prêmio pelo aumento de sua participação. As ações preferenciais do Itaú Unibanco encerraram o pregão de ontem em queda de 1,73%, negociadas a R$ 32,92, enquanto as ordinárias subiram 0,37%, fechando o dia a R$ 26,50.
O analista da Spinelli Corretora, Daniel Malheiros, recorda que a oferta
secundária de ações deve gerar um volume de aproximadamente R$ 8,1 bilhões. Ele acrescenta a emissão de debêntures da Itaúsa de R$ 1,4 bilhão, "para fazer frente à aquisição das ações, estimada no valor de R$ 2 bilhões".
Posto isso, Malheiros espera que o desconto das ações ordinárias do Itaú
Unibanco em relação às preferenciais "deve se reduzir com a oferta", fazendo com que os papéis ordinários "sofram menos" com essa operação, a despeito de sua baixa liquidez - o volume médio diário de negócios é de R$ 4,8 milhões.
Malheiros citou declarações do CEO do Bofa, Kenneth Lewis, nas quais o
analista se baseia para afirmar que o objetivo da instituição norte-americana com a alienação é "melhorar a estrutura de capital do banco, a fim de evitar futuras ajudas governamentais".
Em razão dessa justificativa do Bofa, o analista da Spinelli diz que a
operação não aconteceu porque o banco dos Estados Unidos avalia como justo o preço atual que as ações do Itaú Unibanco vêm sendo negociadas, mas sim pelas razões levantadas por Lewis.
Apesar de classificar o processo de maneira neutra, Malheiros afirma que ele deve repercutir negativamente nas ações do Itaú Unibanco, "como historicamente ocorre quando uma empresa de capital aberto anuncia que irá fazer oferta secundária de suas ações".
O analista da Spinelli diz ainda que as ADS do Itaú Unibanco negociadas na
NYSE devem ser pressionadas no curto prazo, por conta da oferta secundária que será realizada fora do Brasil, "impactando a cotação das ações negociadas internamente".
Para Pedro Roberto Galdi, analista da SLW Corretora, é clara a relação entre a queda das ações do Itaú Unibanco com o anúncio do Bofa, mas ele ressalta que a depreciação veio no mesmo momento em que todo o mercado acionário estava numa trajetória declinante, o que pode ter reforçado esse movimento.
Galdi afirma que esse recuo nos papéis do banco trouxeram os preços das
ações "para um patamar interessante para aqueles investidores que buscam novas opções de posicionamento no mercado acionário brasileiro". A recomendação do analista da SLW para as ações do Itaú Unibanco é de compra, e projeta como preço justo para as ações preferenciais R$ 44,58.

Nenhum comentário:

Postar um comentário