O comportamento de "manada" entre os gestores de fundos europeus, que estão perseguindo um número muito pequeno de ações, está tornando os preços desses papéis vulneráveis a uma queda súbita, afirma o diretor de análises de fundos da agência de classificação de risco Standard & Poor ' s (S&P), Peter Fuller.
Ações como as das companhias farmacêuticas Sanofi-Aventis e Novo Nordisk estão "nas carteiras de todo mundo", disse Peter Fuller, durante apresentação da análise anual da S&P sobre os fundos europeus.
Ele afirmou que a incerteza nos mercados levou a uma fuga para as empresas de qualidade da zona do euro, especialmente para aquelas que pagam mais dividendos aos investidores. "Ninguém é despedido por um desempenho mediano; alguns gerentes nos dizem que como têm um portfólio diversificado, há segurança nos números, mas isso é besteira", alertou o diretor da S&P. "Isso é um trabalho mecânico, e só funciona por um certo tempo", acrescentou ele.
De acordo com Fuller, é preciso apenas uma notícia um pouco negativa ou um rumor para o dinheiro se movimentar novamente e os preços dessas ações caírem. "Tivemos uma situação parecida provocada pelos fundos quantitativos em 2008", lembrou ele, ressaltando que o desempenho desses fundos foi afetado em 10% em uma questão de três dias. "Não estou dizendo que isso vai acontecer de novo, mas podemos ver as mesmas bolhas", disse.
Ele disse que o argumento a favor da diversificação não está promovendo uma pulverização das aplicações entre diversos ativos. "Se você olhar para a situação, verá que há grandes somas de dinheiro perseguindo não só os mesmos setores como as mesmas ações", afirmou.
O comportamento de manada está afetando especialmente empresas britânicas com grande capitalização de mercado. Algumas companhias da Europa com média capitalização também estão sendo prejudicadas.
Na avaliação de Fuller, está sendo "muito caro" para os gestores de fundos protegerem seus portfólios, uma vez que a volatilidade elevada aumentou demais os preços dos derivativos.
Fuller apontou para uma perspectiva melhor das avaliações de companhias de papel e artigos de luxo, mas admitiu que esses papéis não são "grandes componentes de índices". Ele também mencionou possibilidades para as companhias de telecomunicações da Europa, mas disse que elas serão conduzidas por "rumores de fusões".
Entre outros, a S&P melhorou as classificações do fundo Aviva Investors -European Equity Fund de "A" para "AA", citando a força do administrador John Botham. "Ele é um gestor que combina ações de empresas com perspectivas de crescimento com ações boas e baratas, mas nunca pende muito para nenhum dos lados", afirmou.
A S&P rebaixou dois fundos da Gartmore - o European Selected Opportunities e o Continental European Fund - de "AAA" para "AA". Fuller afirmou que isso se deveu ao fato do administrador John Bennett ser novo na casa, mas observou que não se trata de um comentário sobre Bennett enquanto gestor. "Gostamos de John, mas estamos apenas esperando para ver como ele vai se encaixar", ressaltou.
Fuller afirmou que o fundo Odin Europa SMB, de Oslo, não está mais recebendo classificações da S&P, tendo recebido a nota "A" anteriormente. Para ele, os pontos fortes do fundo estão principalmente no mercado escandinavo. Ele também colocou dois fundos da Schroders sob revisão, depois da saída do gerente Gary Clarke este mês. São eles o ISF European Equity Yield Fund e o ISF European Equity Alpha Fund. (Tradução Mario Zamarian)
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