quinta-feira, 13 de maio de 2010

Relatório Empiricus

Notícias além-mar nos contam que os promotores americanos uniram-se à SEC mais uma vez, para caçar instituições financeiras. Há má conduta antes e durante a crise. Depois da acusação de relações funestas entre o Goldman Sachs e seus clientes, o dedo agora aponta para outro tipo de vínculo, entre bancos e agências de rating.
Segundo a desconfiança oficial, ao menos oito dos big banks de Wall Street forneciam informações enviesadas a S&P, Fitch e Moody’s, com vistas a engordar as notas de títulos hipotecários. É sabido que nomes como Goldman, Citibank ou JPMorgan não ficaram famosos pelos dons altruístas, mas sim pela capacidade de ganhar dinheiro, com ou sem criatividade. No entanto, acompanhando a avalanche de processos contra financeers nos
EUA, interpretamos que, embora o palpite de culpa tenha lastro, o grau dos réus fica provavelmente superestimado.
Por exemplo: nessas conversas entre bancos e agências, qual é o papel de cada parte? Não podemos aplicar valores morais romanceados num caso como esse. Os bancos querem a melhor nota para seus produtos, assim como aquele aluno cara-de-pau, que pede uns pontinhos a mais, mesmo diante de respostas nulas. E a tarefa do professor é reler a prova,recontar os pontos e negar presentinhos. Se as agências viram-se “pressionadas” a dar letras e letras, graças à concorrência de seus pares, foram vitimadas por um mundo que elas mesmas criaram, sob a insígnia da transparência.
Transparência essa que as obrigava a publicar abertamente a metodologia de suas ferramentas de rating, deixando caminho fácil para que os financeers encontrassem atalhos.
Conforme relato de um ex-analista de crédito, os bancos conseguiam fazer engenharia reversa, convertendo a imagem de seus CDOs em tipo ideal. Por essas e outras, é preciso serenidade ao arremessar pedras que acertem apenas os pecadores.
Em outra pauta, de absurdo mais evidente, autoridades tentam encontrar mácula no hedge fund Universia, que tem Nassim Taleb como conselheiro. O track record mostra que, na tarde da última quinta-feira, o tal fundo reforçou pesadamente as apostas de que as ações cairíam. Foram US$ 7,5 milhões, referentes a 50 mil contratos de opções.
A partir daí, outros grandes players do mercado teriam iniciado um efeito manada, disparando uma série de shorts. Logo, de quem é a culpa? Obviamente, de Taleb, o autor do best seller Black Swan. Um turco sem caráter, que lucra ao contaminar nossa sociedade puritana com cisnes negros...13.

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