terça-feira, 11 de maio de 2010

PERSPECTIVA SIDERURGIA E MINERAÇÃO: 2T10 deve marcar desempenho da Vale

Os resultados do primeiro trimestre da Vale apontam para uma recuperação consistente, fruto da adoção do novo sistema de precificação e da demanda forte e crescente por minério de ferro na Ásia, passando ao largo da crise econômica vivida pela Europa. Para o segundo trimestre, analistas prevêem resultados ainda melhores.
De acordo com Pedro Galdi, da SLW Corretora, um outro ponto positivo, além
das vendas físicas "muito boas", é o processo de diversificação e expansão da mineradora brasileira, citando a compra dos ativos da Bunge na área de
fertilizantes e os investimentos na região de Simandou, na Guiné, no continente africano. "A aposta em fertilizantes da Vale pode reduzir da dependência da companhia no minério de ferro, segmento em que a China dita as regras", afirma.
"Em Simandou, apesar do pequeno risco político, a empresa vai garantir uma
oferta firme, atendendo ao crescimento da demanda internacional".
Galdi destaca ainda a evolução na recuperação de preços não só do minério de ferro, mas também de materiais mais nobres como o níquel. "A tonelada do minério de ferro ficou entre US$ 56 e US$ 66 no primeiro trimestre. No segundo, deve ficar em US$ 110, que é um número forte", disse. "Já o nível, que era negociado a US$ 11 mil a tonelada, se recuperou também e ficou em US$ 20 mil, no primeiro trimestre".
"Tudo indica que o segundo trimestre da Vale, assim como o das outras
mineradoras de ferro, será muito bom, com preços bem mais elevados do que vimos no primeiro trimestre, afirma Rodrigo Ferraz, analista da Brascan Research.
"Os volumes devem ser bem mais altos também", acrescenta. Para ele, a Europa não representa problemas em relação à precificação de minério. "A queda que aconteceu nos últimos dias deu-se somente para commodities como o cobre e o níquel", explica. "Em suma, perspectivas muito boas para a mineradora brasileira", aponta.
Em seu relatório, a Brascan Research afirma que o resultado da Vale "veio
abaixo das expectativas, devido, principalmente, a menores volumes e preços de minério de ferro em relação ao que estava projetando". No entanto, a Brascan não acredita que os bons fundamentos que tem destacado para a empresa tenham sido alterados após a divulgação dos dados.
Porém, quanto aos menores preços de minério, Ferraz destaca que o primeiro
trimestre foi apenas um período de transição, com preços praticados de forma provisória e a mudança no sistema de precificação deve impactar "integralmente os resultados do segundo trimestre, com os preços médios atingindo provavelmente um patamar de US$ 105-110/ton, significativamente superior ao observado neste primeiro trimestre".
Como os atuais níveis do mercado spot ainda estão muito acima desses
valores, a Brascan acredita que deve-se verificar novas altas trimestrais, pelo menos, até o quarto trimestre, tornando a rentabilidade das operações de Ferrosos da Vale, que foi de 50,6% já no primeiro trimestre, ainda mais elevada.
Com isso, a recomendação da Brascan é de outperform para a Vale, com um
preço-alvo de R$ 60,30 por ação, correspondendo a um upside de 21,33% sobre a cotação de sexta-feira, dia 7.
A Brascan também defende que a operação de fertilizantes "representa ganhos
estratégicos, à medida que seu portfólio de produtos se torna mais
diversificado". Entretanto, de acordo com a corretora, o setor em questão
apresenta "volatilidade significativa em seus fundamentos", assim como o novo sistema de precificação trimestral para o minério de ferro deve aumentar a volatilidade do fluxo de caixa da Vale.
Os analistas do HSBC Global Research, Jordi Dominguez e Alexandre Gartner,
também destacam a recuperação de preços versus queda de volume vendido da Vale, ressaltando que as flutuações da taxa de câmbio podem impactar nos resultados da companhia, pois "a maioria das receitas da empresa é denominada em dólares e os custos, em reais".
Com relação à diversificação, o HSBC acredita que "a Vale pode estar
recuando em suas diversificações e voltando às suas raízes de minério de
ferro". Para a corretora, o negócio de fertilizantes, especialmente no caso dos fosfatos adquiridos pela Vale, é "bastante similar às operações de minério de ferro, com um número reduzido de produtores de larga escala e operações centradas em logística".
Com isso, a recomendação do HSBC é de Neutral (V) para as ações ON da Vale, com um preço-alvo de 12 meses de R$ 64, um upside de 28,77% em relação à cotação de sexta-feira, quando as ações ordinárias da companhia (VALE3) fecharam em queda de 0,34%, a R$ 49,70.

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