Depois de passarem a semana passada comemorando a decisão do Federal Reserve, de injetar US$ 600 bilhões na economia, que coincidiu com alguns indicadores positivos nos EUA, os mercados internacionais mostraram cansaço na manhã desta segunda-feira. Desde cedo, a queda é generalizada nas bolsas, commodities e moedas de maior risco, com os investidores optando por retomar uma dose de cautela em relação às dívidas soberanas de
países europeus. Também colaboram para a realização ampla de hoje as contínuas discussões em torno da questão cambial, que terá seu ápice no encontro do G-20 no final desta semana. Esse é o cenário que está por trás da alta de 1,19% que o dólar à vista mostrava em relação ao real no início da tarde, valendo R$ 1,699. E da valorização de 1,10% computada pelo contrato futuro de dezembro, que às 13h50 estava a R$ 1,7075.
"O dia é marcado pelo comportamento internacional. Não há nada internamente que esteja definindo o preço do dólar", resumiu um especialista consultado pela Agência Estado. Se há
algo a destacar é o fato de a alta do dólar ante o real ser mais intensa do que a que está sendo computada pela maioria das demais moedas emergentes. No início da tarde, no exterior, o ganho da moeda norte-americana variava entre 0,50% e 1%.
O fator que explica essa diferença, segundo os especialistas, ainda é a certeza de que o governo pode lançar mão de novas medidas cambiais a qualquer momento, se achar necessário. "O mercado sabe que se o dólar cair mais, o governo deve fazer mais coisas para segurar. Está certo que na semana passada o dólar recuou bem e nada foi feito, mas ninguém duvida de que há outras alternativas já preparadas", disse o operador da Interbolsa
Brasil, Ovídio Pinho Soares.
A queda acumulada pelo dólar na semana passada, no mercado doméstico, foi de 1,35%. Isso significa que, com a alta de hoje, a moeda norte-americana praticamente recupera o valor. No último dia 29, o dólar fechou o pregão a R$ 1,702 e, hoje, o dólar já atingiu R$ 1,701, na máxima.
Apesar de sustentar a percepção de que o governo pode agir para segurar o câmbio a qualquer momento, a maioria dos analistas acredita que nada mudará antes da reunião do G-20, marcada para o final desta semana. As expectativas para o encontro entre os maiores do mundo são de que haja pelo menos sinais de que um acordo para a guerra cambial está
sendo buscado. Os especialistas domésticos avaliam que as conclusões da reunião não mudarão radicalmente os rumos dos fluxos de recursos, mas esperam avanços no sentido de um entendimento, o que já poderia ajudar a diminuir as pressões sobre o dólar.
Mas há os mais céticos. "A reunião vai ser inócua. Só os Estados Unidos apresentaram algo até o momento e a China já se posicionou em contrário", disse Soares. Ele refere-se à sugestão não muito clara de controle dos déficits das maiores economias feita pelos EUA, cuja intenção seria de equilibrar as balanças comerciais de modo a que os países com déficit exportem mais e nações com superávit estimulem o crescimento doméstico e passem a vender menos. A China já está desdenhando exp licitamente essa proposta.
Às 14h16, a clearing da BM&F mostrava volume negociado de US$ 1,4 bilhão. Vale registrar que, segundo dados colhidos pelo mercado, com base nos números de posições em aberto da BM&F, os investidores estrangeiros diminuíram a posição vendida (líquido) em derivativos cambiais, na sexta-feira, em US$ 759 milhões, ou 15.200 contratos (DDI e dólar futuro). No
total, os estrangeiros fecharam o pregão de sexta-feira vendidos em 308.764 contratos, ou US$ 15,438 bilhões.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário