A trajetória do dólar ante o real virou as costas para o rumo da moeda norte-americana no exterior na manhã desta segunda-feira, que antecede a formação da ptax a ser usada na liquidação dos contratos de dezembro, na quarta-feira, dia 1º. Enquanto o dólar subia fortemente no exterior, aqui passou quase todo o período de lado. Os operadores acreditam
que o descolamento esteja associado, principalmente, ao vencimento dos futuros, com os especuladores vendidos em dólar se esforçando para impedir valorizações maiores da moeda norte-americana, mas apontam que há outros fatores internos ajudando. Pouco depois das 13 horas, a tarde começava com sinais de piora ainda mais forte lá fora, e isso ameaçava, finalmente, contagiar o mercado doméstico. Ainda assim, a pressão de alta do
dólar era contida.
Às 13h10, o dólar mostrava alta de 0,29% no mercado à vista, a R$ 1,734, a máxima até aquele momento. No mercado futuro, o contrato de dezembro valia R$ 1,7345, com elevação de 0,35%. Ao mesmo tempo, o euro recuava a US$ 1,3075, ante US$ 1,3231 no final da tarde de sexta-feira em Nova York e US$ 1,3184 registrado mais cedo.
Um dos especialistas do mercado doméstico ouvido pela Agência Estado esta manhã ressaltou que a alta do dólar no Brasil ainda está limitada pelas expectativas de fluxo, que continuam as melhores. Já depois da crise envolvendo a Irlanda houve captações privadas no exterior, em boas condições. E, enquanto a Europa amarga os temores cada vez maiores
de que a crise das dívidas soberanas continue derrubando um a um os países mais frágeis da região - agora a mira é a península Ibérica -, a Droga Raia anunciou o lançamento de oferta primária e secundária de ações no Brasil, com esforços de colocação no exterior, com roadshow iniciando hoje.
A quantidade inicial ofertada é de 23.720.930 ações ordinárias, das quais 20.930.233 são novas ações e outras 2.790.697 serão vendidas pelos atuais acionistas. Está prevista a colocação de 15% de lote adicional (3.558.140 ações) e 20% de lote adicional (4.744.186), caso seja necessário. O preço será fixado no dia 16 de dezembro, quando se encerra o período de coleta de intenções de investimento (bookbuilding), aberto hoje. A faixa indicativa apresentada pela empresa no aviso ao mercado da oferta é de R$ 19 a R$ 24. No teto dessa faixa e com o exercício dos lotes suplementar e adicional, a oferta pode alcançar no máximo R$ 768,558 milhões, com a colocação de 32.023.256 ações.
Os especialistas ressaltam, também, que o mercado doméstico está menos sujeito às pressões de alta do dólar vindas do exterior desde que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou novas medidas cambiais, no curto prazo. Isso, depois de vários esforços para conter a apreciação do real aqui dentro e que incluíram empenho dos representantes brasileiros no último encontro do G-20, para que houvesse aval internacional a eventuais
medidas de controle de capitais. "A taxa de juros é alta e pode subir ainda mais, o fluxo é positivo, a posição vendida é forte e o Mantega afastou o temor de intervenções. Isso tudo rouba fôlego ao dólar aqui", disse um especialista.
Na sexta-feira, segundo dados colhidos pelo mercado, com base nos números de posições em aberto da BM&F, os investidores estrangeiros aumentaram a posição vendida (líquido) em derivativos cambiais em US$ 106,8 milhões, ou 2.136 contratos (DDI e dólar futuro). No total, os estrangeiros fecharam o pregão de sexta-feira vendidos em 249.158 contratos, ou US$ 12,458 bilhões.
Vale registrar que, hoje, o governo editou a Medida Provisória 513 - publicada em edição extra do Diário Oficial da União, com data da última sexta-feira - com uma série de determinações, entre elas, a regulamentação do Fundo Soberano do Brasil (FSB). Pela MP, a União fica autorizada a emitir, a valor de mercado, sob a forma de colocação direta em
favor do FSB, títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal. Fica também autorizada a permutar com o FSB ativos de renda fixa, inclusive títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal, e de renda variável e moeda estrangeira, a valor de mercado ou observada a equivalência econômica. Os ativos de renda fixa ou variável domésticos, recebidos diretamente pelo FSB, deverão permanecer custodiados em contas específicas, abertas
diretamente em nome do Fundo, em instituição financeira federal.
"Isso não teve impacto. É sabido que o FSB pode atuar, mas ainda não o fez. A presença do FSB só vai ter efeito no dólar quando o fundo atuar efetivamente e isso ficar claro para o mercado. Tem que avisar que é compra do Fundo, todo mundo tem que perceber que é ele.
Aí talvez seja capaz de colocar o dólar para cima", disse o operador da Interbolsa Brasil, Ovídio Pinho Soares.
Segundo ele, os mercados europeu e asiático estão feios, mas não contaminaram muito os negócios locais. "O mercado de câmbio está descolado, possivelmente segurando a taxa para não subir de olho no vencimento", disse. Um outro operador concordou e apontou que
a alta do dólar frente a outras moedas, no início da tarde, estava acima de 1%. "A Europa está ruim e as bolsas dos EUA também. O que segura aqui é o jogo em torno do vencimento", afirmou.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
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