A sexta-feira (26) seguinte ao dia de Ação de Graças nos Estados Unidos é considerado o dia mais importante do ano para as varejistas – o início do período de compra característico das festas de fim de ano e um termômetro de como está o consumo na maior economia do globo. Porém, ao invés de ficar em destaque como nos últimos anos, o acontecimento dá lugar nas manchetes aos imbróglios fiscais da Europa.
O clima no Velho Continente é de tensão. Portugal entra novamente em foco, no dia em que o parlamento vota o plano de austeridade fiscal. Enquanto enfrenta manifestações de trabalhadores em casa, o primeiro-ministro português, José Sócrates, ainda busca desmentir os boatos de que seria pressionado a aceitar a ajuda da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional), a exemplo de Irlanda e Grécia.
No mesmo caminho, a Espanha também enfatiza não necessitar de qualquer resgate. Segundo o primeiro-ministro do país, José Luis Zapatero, o governo possui um plano rigoroso de redução do déficit fiscal.
As declarações, no entanto, parecem não mitigar os temores do mercado. Os CDSs (Credit Default Swaps) dos dois países continuam subindo, indicando um aumento no custo para assegurar os títulos públicos desses governos contra um calote. O spread dos derivativos de crédito portugueses aumentaram em 20 pontos-base, para 500 pontos-base, enquanto os espanhóis e os irlandeses subiram 9 e 18 pontos-base para 312 e 600, respectivamente.
O cenário de maior aversão ao risco também leva os principais índices acionários do continente ao campo negativo. O CAC 40, da bolsa de Paris, recua 1,75%, acompanhado pelo FTSE 100, da bolsa de Londres, e pelo DAX 30, da bolsa de Frankfurt, que negociam com quedas de 1,69% e 1,34%.
Sem agenda econômica relevante nesta sexta-feira, e com os mercados fechando mais cedo devido à Black Friday, Wall Street deve se dividir entre os dados vindos da Europa e o desempenho das varejistas durante o dia – e as expectativas em torno das vendas são boas.
Mas por enquanto, o clima também é negativo no pré-market norte-americano. Os contratos futuros dos índices acionários S&P 500, Nasdaq e Dow Jones, negociados na CME (Chicago Mercantile Exchange), registram quedas de 1,27%, 1,20% e 0,91%, respectivamente.
Por aqui, a agenda também não traz dados relevantes e os investidores devem seguir atentos ao fluxo de notícias internacionais. De acordo com a Ágora Corretora, a sessão deve ter “liquidez ainda apertada e movimentos sutis do mercado por conta da ausência de uma agenda de indicadores no Brasil e nos EUA”.
Da mesma forma, Julio Hegedus, da Interbolsa, afirma que "os sinais externos indicam o Ibovespa em queda, com dólar pressionado, assim como o juro curto, em decorrência da possibilidade de um aperto monetário até março de 2011. Juro longo em acomodação, pela continuidade da política econômica atual".
Neste contexto, o mercado também volta o foco para o noticiário corporativo doméstico, especialmente em relação à Petrobras (PETR3, PETR4). A estatal anunciou que os primeiros dados do Teste de Longa Duração no poço Igarapé Chibata confirmam a descoberta de uma nova acumulação de óleo leve e gás natural em Tefé (AM). “Os dados do TLD, até o momento, indicam que o poço tem a capacidade de produzir 2.500 barris de óleo por dia, o que é considerado um excelente resultado, em se tratando deste tipo de bacia no Brasil”, informou a empresa.
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