Brasília, 29 de abril de 2010 - O Comitê de Política Monetária do Banco
Central (Copom) elevou, ontem à noite, a taxa básica de juros Selic em 0,75 ponto percentual para 9,5% ao ano. A decisão interrompeu um ciclo de cinco manutenções na taxa, que estava estacionada em 8,75% desde setembro.
A decisão foi unânime, sem viés. Em nota, o BC informou que a decisão "dá
seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".
Apesar de aguardar a elevação de forma unânime, o ajuste em 0,75 ponto
percentual surpreendeu parte do mercado. De acordo com o Termômetro Leia -
pesquisa feita pela Agência Leia com as previsões para os principais indicadores do País -, das 77 instituições ouvidas, 38 estimavam ajuste de 0,75 ponto percentual, enquanto 36 esperavam aumento de 0,50 ponto percentual. Outras duas acreditavam em elevação de 1 ponto percentual e apenas uma apostava em elevação de 0,25 ponto percentual.
A intenção do BC em elevar juros já havia ficado clara nos últimos documentos publicados pela instituição. Na ata da última reunião do Copom, realizada em março, o colegiado apontava os sinais de rápida recuperação doméstica e externa, destacando que já era plausível afirmar que a economia brasileira já se encontra em ciclo de expansão. "A maioria dos membros do Copom (...) entendeu ser mais prudente aguardar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião do Comitê, para então dar início ao ajuste da taxa básica", dizia o texto.
Para parte do mercado, o Banco Central deveria ter começado o ciclo de
ajuste monetário já em março, o que poderia justificar uma elevação maior do que a efetivamente feita hoje. Desde a última reunião, os sinais de aquecimento da economia continuaram se acumulando e influenciando nas expectativas de inflação do mercado, que estima elevação do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,41% este ano e 4,80% em 2011. Até março, o indicador acumula avanço de 5,17% em doze meses.
As estimativas do próprio Banco Central, que constam do último relatório
trimestral de inflação, divulgado em março, apontavam para uma inflação acima do centro da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. No documento, o BC espera avanço de 5,2% do IPCA no fim do ano.
As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano
reforçam a expectativa de aquecimento da economia e possível elevação de preços.
No mesmo relatório trimestral de inflação, o Banco Central estima expansão de 5,8% do PIB, enquanto o mercado elevou, segundo o Boletim Focus, a projeção de 5,81% para 6%.
Até março do ano passado, a taxa Selic estava situada em 11,25% ao ano. Na
reunião de abril de 2008, ante a aceleração da atividade econômica, a taxa foi elevada para 11,75%. Nas reuniões de junho e julho, o aquecimento da demanda motivou elevações para 12,25% e 13%, respectivamente. Em setembro, pouco antes do agravamento da crise financeira, a taxa foi elevada para 13,75%, nível mantido nas duas reuniões seguintes, em outubro e dezembro. Os cortes no juro básico tiveram início em janeiro e persistiram por cinco reuniões seguidas (março, abril, junho e julho). A taxa está mantida em 8,75% desde setembro.
Os argumentos do Copom para a decisão tomada hoje serão conhecidos no
próximo dia 6 de maio, quando será divulgada a ata da reunião encerrada há
pouco.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário