Na teoria econômica, alta de juros significa enfraquecimento da bolsa – o maior rendimento das aplicações de renda fixa costuma fazer mais investidores migrarem ao menos parte dos recursos do mercado de ações para os tradicionais fundos DI. Por isso, a maioria dos analistas costuma ficar pessimista com a bolsa sempre que a Selic sobe. Hoje, porém, não é o que está ocorrendo. Sim, a decisão do Banco Central de aumentar a Selic deve motivar alguma migração de dinheiro para a renda fixa. Mas quase todos os analistas veem esse como um problema menor. “O grande vilão, dessa vez, é a inflação alta. Se a decisão do BC fosse diferente, seria necessário tomar medidas mais drásticas no futuro para conter os preços, o que prejudicaria toda a economia”, diz João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho.
Fora isso, esse aumento dos juros já estava na conta dos analistas – e, por isso, alguns deles já estão menos otimistas com setores mais dependentes do crédito, como o varejista. “A tendência de juros mais altos pode reduzir o ritmo de crescimento do setor de consumo. Mas as perspectivas para as empresas desse segmento continuam muito positivas, porque a alta da Selic não vai conter a ascensão das classes sociais e o consequente aumento do poder de compra dessa população”, diz Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do Grupo Santander Brasil.
Segundo os analistas, a bolsa pode passar por novas quedas nos próximos dias, mas o motivo principal não será o aumento dos juros — e sim as preocupações com a situação fiscal da Grécia. “O mercado vai continuar à mercê da postura que a comunidade europeia terá com relação à Grécia, porque os investidores querem uma garantia de que esses problemas não vão se alastrar”, diz Jurcevic.
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