Os clientes crescem sem parar, as empresas recebem à vista e não há inadimplência. Eis o maravilhoso mundo das concessionárias de rodovias.
Como todo negócio criado a partir do zero, o programa de concessão de rodovias surgiu na década de 90, durante a gestão do presidente Itamar Franco, cheio de incertezas. Tudo era muito novo para todos os envolvidos. Os governos definiam as regras de investimento e fiscalização das operações de estradas e as companhias se reuniam para avaliar até que ponto o risco de investir em concessões seria lucrativo ou não.
Passados mais de dez anos, não restam dúvidas: quem entrou no negócio encontrou uma mina de ouro e os pedágios converteram-se na indústria dos sonhos de qualquer empresário. Afinal, o setor conta com vantagens competitivas fora do alcance de qualquer outro negócio. Quais são elas?
Os clientes, em quantidades crescentes, pagam à vista, sem o menor risco de inadimplência. Os fornecedores, por sua vez, podem ser pagos a prazo, o que melhora a rapidez e liquidez do capital de giro das companhias que atuam na área. Os valores cobrados anualmente ainda são reajustados, conforme o índice econômico IGPN ou IPCA.
Não à toa, a receita obtida pelas concessionárias mais que dobrou de 2002 a 2008, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, ABCR. O valor saltou de R$ 3 bilhões para R$ 7 bilhões (veja quadro). “Apesar dos riscos dos negócios, todas as empresas que operam estradas têm lucros garantidos de, em média, 30% sobre o que investem”, diz Olivier Girard, sócio da Macrologística consultores.
No Brasil, já existem 52 concessionárias administrando as principais rodovias do País, num total de 15.182 quilômetros correspondentes a 7,7% da malha rodoviária nacional pavimentada. Os grandes competidores do setor têm, em sua maioria, origem no setor de construção. Gigantes como Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht (donos da CCR) e Construtora Triunfo (dona da Triunfo Participações e Investimentos, TPI) controlam as principais concessionárias.
Essas grandes empresas do setor de construção inicialmente entraram na área de concessão de rodovias de olho no lucro que teriam com obras”, explica Moacyr Duarte, presidente da ABCR. Procuradas por DINHEIRO, algumas das maiores empresas do setor preferiram não se manifestar.
Mas seus ganhos traduzem a situação do setor. A CCR, por exemplo, responsável pela administração de 1.571 quilômetros de rodovias, que inclui as concessionárias Ponte, NovaDutra, ViaLagos, RodoNorte, AutoBAn, ViaOeste e RodoAnel, obteve receita líquida de R$ 841,4 milhões em 2009, 14,6% maior que no ano anterior. Já a receita líquida da TPI aumentou 29,3%, em relação a 2008, e atingiu R$ 387,501 milhões.
A EcoRodovias, do grupo CR Almeida Engenharia e Construções, que opera o sistema Achieta-Imigrantes, por sua vez, faturou R$ 1 bilhão em 2009, R$ 169 milhões a mais do que em 2008. Segundo os cálculos da ABCR, de 1996 a 2008 as concessionárias do País faturaram R$ 40,5 bilhões. Nesse mesmo período, os investimentos foram pesados, em torno de R$ 16 bilhões. “Muita gente esquece do alto risco que o negócio oferece”, comenta Moacyr Duarte, presidente da ABCR. “Entre os riscos estão as alterações fiscais, políticas e investimentos constantes”. Um risco, definitivamente, muito bom de correr.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
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