terça-feira, 27 de abril de 2010

Deutsche Bank venderá ações dos EUA na Bovespa

O Deutsche Bank fechou acordo com a BM&FBovespa para oferecer ao investidor brasileiro a possibilidade de comprar no País ações de empresas de primeira linha dos EUA. Se o cronograma previsto pelos executivos envolvidos no negócio se confirmar, a aplicação já estará disponível no início do segundo semestre.
No entanto, as pessoas físicas não poderão comprar os papéis diretamente no pregão da bolsa. Terão de investir por intermédio de um fundo. Isso porque as ações não chegarão ao Brasil pelas próprias empresas, mas sim pelo Deutsche Bank. Tecnicamente, o que o banco alemão fará é comprar os papéis no mercado nova-iorquino e emitir aqui um recibo correspondente (como se fosse uma ação-espelho), chamado de Brazilian Depositary Receipt (BDR).
Nesses casos, a legislação brasileira permite que a negociação direta no pregão seja feita por instituições financeiras, fundos de investimento, gestores de investimento (asset managements) e corretoras. Fundos de pensão, como as pessoas físicas, também estão impedidos de comprar e vender diretamente.
O diretor da área de custódia do Deutsche no País, Ricardo Nascimento, afirma que, em um primeiro momento, serão negociadas no pregão da Bovespa as ações de 10 companhias americanas. Ele não revela os nomes, mas diz que são do primeiro time – tanto da Bolsa de Nova York quanto da bolsa eletrônica Nasdaq. Estão na categoria empresas como Microsoft, Coca-Cola, General Electric, Wal-Mart, Intel, IBM e Boeing.
A parceria da BM&FBovespa com o Deutsche encaixa-se na estratégia da bolsa brasileira de oferecer mais opções de ativos aos investidores locais. Isso incluirá acordos com outras instituições financeiras.
Quando anunciar oficialmente o acerto com o Deutsche – o que deve ocorrer nas próximas semanas –, a BM&FBovespa abrirá uma concorrência para outra carteira de dez ações de empresas americanas. Ganhará a instituição que garantir o maior volume de negócios.
Segundo Nascimento, a liquidez das ações é um dos pontos que demandaram especial atenção do Deutsche durante os três anos que o banco levou para desenvolver o negócio.
Por isso, a instituição acertou com a BM&FBovespa de fazer o papel de market maker – na eventualidade de não haver ação disponível ou de não haver comprador para a ação no mercado, o formador de mercado (em português) se compromete a vendê-lo ou a comprá-lo. Ele ainda tem a função de negociar diariamente a ação, também com objetivo de proporcionar liquidez.
Segundo Nascimento, o Deutsche tem programas semelhantes na Bolsa de Buenos Aires (desde 1998), na Bolsa da Cidade do México (desde 2003) e na Bolsa de Santiago (desde novembro de 2009). Na Argentina, as ações americanas respondem hoje por entre 10% e 20% do volume diário de negócios. No México, por 30% a 35%. No Chile, ainda não há estatísticas disponíveis.
No caso brasileiro, Nascimento diz que foi difícil elaborar uma projeção por causa do tamanho do mercado acionário, o maior da América Latina. "O Brasil é uma economia pujante e a concorrência, aqui, é com empresas de primeira linha", observa. "Por isso, a projeção é de que o segmento responda por 10% do volume da Bovespa em três anos."

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