quinta-feira, 29 de abril de 2010

Quem será o próximo?

Quem será o próximo? A Grécia está em vias de ser cortada e colocada sob tutela, e os abutres já estão em busca de novas guloseimas.
Portugal parece bem colocado nesse triste "hit parade", mas a Espanha pode também ser um prato saboroso. E a Irlanda? E a Itália? E a França? Não chegamos ainda nesse ponto. Mesmo a Alemanha vai acabar colocando a mão no bolso e a Grécia, sem dúvida, será salva.
Mas, por pouco, a tal ponto que a hipótese de um fracasso da União Europeia, e do euro em consequência, deve ser considerado sem rodeios.
Os responsáveis alemães propuseram que a Grécia fosse expulsa da zona do euro. Seria o abismo. A Grécia jamais aceitará isso. Renunciar ao escudo do euro só vai acelerar sua queda. O dracma grego, substituindo o euro, seria imediatamente desvalorizado, elevando imediatamente a dívida grega.
Como chegamos aí? Pensamos, em primeiro lugar, no caos financeiro e econômico. Mas a doença da Europa é mais difusa, mais vasta. Está por todo o lado.
Em todo o continente, de Paris a Amsterdã e Viena, a extrema-direita fascista se fortalece.
E sua sedução repousa em quê? Recrudescimento nacionalista, xenofobia, ódio da União Europeia, do Islã e da globalização.
Diante desse perigo, a Europa se mostra inerte, como que hipnotizada.
Ela se ressente perigosamente de um líder. O interesse da alemã Angela Merkel é, em primeiro lugar, a Alemanha. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, é mais europeu, mas falta seriedade. Como confiar a salvação de um continente a um tipo assim? Há algumas semanas, graças a uma mudança de instituições, a União Europeia se dotou de um presidente e de um ministro das Relações Exteriores. Enfim, a Europa tinha um endereço, uma chefia, um número de telefone. E quem foram os felizes eleitos? Um belga desconhecido, sem rosto, sem passado, sem nada. E na direção das relações exteriores, uma baronesa inglesa e inútil.
Podemos compreender o cálculo dos chefes de Estado europeus. Eles escolheram cuidadosamente duas pessoas incapazes de lhes fazer sombra.
"Voto sempre pelo mais estúpido", dizia outrora um deputado francês da Assembleia Nacional.
Elemento aglutinador. Mas, sem dúvida, há um outro motivo para o desassossego da Europa. Por muito tempo, a União Europeia dispunha de um elemento aglutinador.
Era o medo da União Soviética. Hoje, a União Soviética não existe mais, portanto, não existe mais a ameaça.
Entretanto, se procurarmos, podemos ver muito bem que novos perigos substituíram o soviético.
Um deles é o terrorismo internacional. O outro é a desordem financeira mundial e a falência do modelo econômico que foi o liberalismo louco de Margareth Thatcher e Ronald Reagan, com seu corolário póstumo, a globalização.
Esse modelo provocou desastres de grande amplitude. Assim, o tabu que impedia os europeus de se dotarem de um governo econômico pereceu.
Um tabu a menos é sempre um avanço. A necessidade de uma Europa econômica e industrial se impõe a todos os espíritos sensatos do Velho Continente.
Mas é necessário confiar o comando dessa governança a pessoas mais reconhecíveis do que um belga "sem identidade" e uma baronesa inglesa "sem qualidade".

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