terça-feira, 27 de abril de 2010

PERSPECTIVA CONSTRUÇÃO:Resultados op. fortes reforçam otimismo de analistas

Os dados fortes de vendas e lançamentos que tem sido divulgado por algumas companhias do setor de construção civil nas últimas semanas têm surpreendido até mesmo os mais otimistas e reforçado percepção positiva para o setor ao longo de 2010. Segundo analistas, os dados podem refletir nos papéis do setor, no entanto, até agora, o mercado parece não
ter comprado essa idéia.
Inaugurada neste trimestre pela PDG Realty, a temporada de divulgação de
resultados operacionais, que antecede as divulgações dos balanços trimestrais, segue surpreendendo. Nos últimos dias, foi a vez de Rossi e Brookfield reforçarem as perspectivas positivas dos analistas com dados operacionais fortes neste primeiro trimestre.
Na semana passada, a Rossi reportou o lançamento de 22 empreendimentos no
trimestre, com um volume geral de vendas (VGV) de R$ 571 milhões, o que
representou um crescimento de 299,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Apesar de forte, como o esperado, o resultado ficou 25,2% abaixo do obtido no último trimestre do ano passado.
Já as vendas contratadas somaram R$ 666 milhões, valor 135,3% superior ao
registrado no mesmo período de 2009, e 7,2% acima do trimestre anterior. Com isso, as vendas sobre ofertas (VSO) da companhia atingiram 25% no período, ante 23% no quarto trimestre de 2009, e 15% do primeiro trimestre do ano passado, e configuraram o quinto trimestre consecutivo de crescimento nesse indicador, que demonstra a velocidade com que a empresa vende seus empreendimentos.
Para o analista Armando Halfeld, da Ativa Corretora, esse foi um dos
principais destaques no resultado da companhia, que recebeu uma colaboração fundamental das vendas voltadas a baixa renda. "Somente o VSO da parte econômica atingiu 37,4%", ressalta. Segundo a Rossi, as vendas no segmento representaram 55% do volume total no trimestre.
Já na visão de Cristiano Hees, da Brascan Corretora, o aumento da velocidade de vendas da companhia se deve, em parte, a queda natural dos lançamentos em função da sazonalidade do período, no entanto, nem por isso deixam de ser positivos. "Apesar da sazonalidade e consequente redução no volume de lançamentos, as vendas continuaram a apresentar volumes saudáveis, o que levou ao bom indicador de velocidade de vendas reportado [VSO]", ressaltou.
A elevação da capacidade da companhia de transformar estoque em caixa também surpreendeu Ricardo Rezende, do Safra, que esperava um VSO em torno 18,3% para o período. "Olhando para meses de estoque, vemos a companhia mantendo o equivalente a 10,9 meses de vendas, uma redução em comparação aos 13,8 meses do quarto trimestre", destaca.
Apesar de manter sua recomendação neutra para os papéis da companhia (RISD3)e o preço-alvo de R$ 18,50 (upside de 44,2%), o Safra acredita num impacto do resultado sobre o mercado. "Esperamos uma reação positiva das ações da Rossi decorrente aos fortes números operacionais reportados pela empresa", afirma Rezende.
Já a Brascan reiterou sua recomendação 'outperform' (retorno esperado
acima de 5% do Ibovespa) para os papéis da Rossi (RSID3), com um preço-alvo de R$ 23,10 para os próximos 12 meses, o que representa um potencial de valorização de 79,8% sobre a cotação de sexta-feira (R$ 12,83).
A Ativa também reforçou sua perspectiva otimista com os papéis da Rossi,
destacando-os, ao lado das ações da Brookfield, como suas apostas preferenciais no setor de construção civil. Segundo a corretora, ambas as companhias têm sido negociadas com desconto em relação à média das cinco maiores do setor.
Alguns dias antes da Rossi, a Brookfield divulgou a prévia de suas vendas
contratadas no trimestre, que somaram R$ 561,6 milhões, um avanço de 83,3% em relação ao mesmo período de 2009. Já os lançamentos do período subiram 20,5%, alcançando um VGV de R$ 322 milhões entre janeiro e março deste ano.
Apesar da sazonalidade do período, a Brookfield conseguiu entregar 10,2% do total de lançamentos esperado para 2010, um percentual similar ao obtido em 2009, quando a empresa cumpriu seu guidance, ressalta Halfeld, da Ativa. Outro fator de destaque para o analista é o fato de 62,3% das vendas contratadas do período serem de unidades até R$ 500 mil, dentro do novo foco principal da incorporadora.
Após a divulgação dos dados, a Ativa reiterou sua recomendação de compra
para as ações da companhia (BISA3), com preço-alvo de R$ 12,11 para dezembro, projetando uma valorização potencial de 53,5% sobre a cotação de sexta-feria (R$ 7,89).
Diante dos dados melhores que o esperado, alguns analistas esperavam que os papéis apresentassem ganhos, com o mercado já precificando balanços fortes no primeiro trimestre. No entanto, entre as principais empresas que já anteciparam seus dados, esse não foi o quadro visto até o momento.
A PDG, primeira a divulgar seus dados, valorizou-se 4,97% desde então, ainda abaixo da queda de 8,41% registrada em março. Já Rossi avançou 2,89% após a publicação dos resultados, nada que compense o recuo de 12,25% do mês passado. A Brookfield não ficou atrás, após perder 12,14% de seu preço de mercado em março, a repercussão de seus dados operacionais lhe renderam apenas 1,15% de valorização até o momento.
Apesar de em abril o Ibovespa acumular queda de 1,22%, o resultado ainda não justifica o baixo rendimento dos papéis, que caíram em março contra o índice, que avançou 5,82%. O fato, no entanto, não mudou a posição dos analistas que mantém suas perspectivas positivas para o setor, agora firmadas em números operacionais fortes. Para alguns deles, inclusive, este pode ser um bom momento de entrada dos investidores no setor.

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