O economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O'Neill, disse hoje que as mudanças pelas quais a China passará nos próximos anos vão trazer impactos nos preços das commodities minerais. Em videoconferência realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), ele afirmou ter percebido, em suas últimas visitas à China, que o país se "apaixonou" pela temática ambiental, tanto que esta se tornou a segunda prioridade no último plano quinquenal do país, o que deve diminuir, ao longo dos anos, a demanda chinesa por carvão, petróleo e aço.
"É perigoso acreditar que a China dará suporte aos preços das commodities minerais no futuro", afirmou O'Neill. "A China tem um plano de longo prazo de melhora na área ambiental e energética."
De acordo com ele, as commodities agrícolas, porém, serão beneficiadas pelo crescimento da classe média chinesa, que deve mudar hábitos alimentares. "A China será um país muito diferente em relação às commodities e o Brasil terá muita vantagem nesse sentido", disse.
O'Neill menosprezou as críticas sobre a excessiva dependência brasileira pela demanda chinesa por commodities. De acordo com ele, esse é um fenômeno mundial e não exclusivamente brasileiro. "O Brasil não deveria se sentir inferior porque não é o único", disse. Como exemplo, ele citou a Alemanha, que nos últimos dois anos viu suas exportações destinadas à China crescerem de forma rápida. "Em 12 meses, as exportações alemãs para a China devem superar as vendas para a França", afirmou.
Na avaliação dele, o principal desafio que a China deve enfrentar nos próximos anos será a transformação de economia exportadora em economia voltada para o mercado interno. No caso da Índia, ele afirmou que a educação é o principal problema a ser enfrentado, uma vez que o alto nível educacional é restrito à elite e milhões de indianos não têm acesso à educação básica.
Sobre a Rússia, O'Neill disse que os desafios são estruturais e envolvem o pequeno crescimento demográfico, com uma expectativa de vida muito baixa, além de uma grande dependência das exportações de commodities como petróleo o gás. "A continuar desta forma, em 50 anos a Rússia terá apenas um terço da população atual", afirmou.
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