Com a perspectiva de uma sequência de altas no preço do minério de ferro para os próximos anos, a tendência de mercado é de que mais empresas chinesas decidam aportar no Brasil em busca de ativos em mineração para garantir seu suprimento. Dessa forma, um dos próximos alvos das
companhias asiáticas pode ser a unidade de mineração que a Usiminas planeja após a segregação de seus ativos, que poderão ser melhor precificados dependendo do resultado da oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês)da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Três exemplos do apetite chinês pelos ativos minerários no Brasil foram
anunciados mesmo durante a crise. A primeira foi a Wuhan, que adquiriu 21,52% das ações da MMX, do empresário Eike Batista, por US$ 400 milhões. Outro negócio foi a venda de Itaminas à companhia chinesa Birô de Exploração e Desenvolvimento Mineral do Leste da China ECE, que pagou US$ 1,2 bilhão pelo ativo, que é composto por jazidas de ferro que somam recursos minerais estimados em 1,3 bilhão de toneladas. E por último, a Honbridge Holdings (de Hong Kong) confirmou a aquisição, na semana passada, do projeto de mineração de Salinas da Votorantim Novos Negócios por US$ 390 milhões.
Segundo o analista de siderurgia e mineração da Socopa Corretora, Marcelo
Varejão, a tendência é ocorrer mais negócios entre Brasil e China nesse
segmento. Mesmo com as tentativas de desaceleração da economia propostas pelo governo daquele país a propensão para os próximos anos é de continuidade da relação, pois a China têm um déficit grande de infraestrutura, e com o desenvolvimento há uma necessidade crescente por aço, o que traz perspectiva positiva.
Em sua análise, Varejão acredita que os investimentos chineses poderão
colocar a Usiminas como um novo alvo para parcerias como a da MMX com a Wuhan, onde a empresa chinesa não possui controle da companhia, mas uma participação relevante, de cerca de 20% a 30%.
Segundo os planos da Usiminas, detalhados pelo presidente Marco Antônio
Castello Branco, que deixa o cargo ao fim desta semana, a nova empresa de
mineração será uma S.A. de capital fechado. Subsidiária integral da siderúrgica em um primeiro momento. A meta posterior é de abrir seu capital sendo que a companhia mineira deverá ser majoritária, com pelo menos 51% de participação, e um sócio estratégico de peso que deterá 20% do capital total da nova empresa.
Dessa forma, a Usiminas pretende expandir sua capacidade de produção de minério dos 6 milhões de toneladas registrados em 2009 para 29 milhões de toneladas em 2014.
Nas contas de Rafael Weber, analista da corretora Geração Futuro, a
necessidade da Usiminas a plena capacidade é de 13 a 14 milhões de toneladas de minério o que levaria a um excedente de até 15 milhões de toneladas em 2014, um volume que deverá atrair chineses para o negócio uma vez que há necessidade de suprimento naquele país. Apesar de concordar que a nova empresa deverá atrair o capital oriental, Weber acredita que outra possibilidade para a parceria está em uma empresa de logística, um dos maiores gargalos da Usiminas para o escoamento da produção de Serra Azul.
Para ambos os analistas, o movimento das empresas chinesas reflete o momento delicado pelo qual as siderúrgicas estão passando com a alta de preço do minério de ferro em função da oferta escassa ante a demanda em alta. A tendência de entrar em mineração deverá aumentar ainda mais, pois a perspectiva é de alta nos preços para os próximos meses.
Um parâmetro dessa busca é tirado do negócio entre a Votorantim e a
Honbridge. O minério do projeto de Salinas é de baixo teor de ferro. Como é um negócio de risco a adquirente pagou uma entrada e se confirmado o potencial do local, pagará o restante. "Os chineses estão procurando fontes porque sabem que precisam de insumo em um período como este que é de alta de preços", afirmou o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Roberto Galdi.
Varejão reforça a tendência de que a oferta está limitada e a demanda
aquecida e que isso tem como conseqüência o não atendimento da crescente
necessidade por minério de qualidade. "Diante deste cenário, vemos que os
chineses poderão entrar com mais parcerias em mineradoras no Brasil, garantindo o fornecimento do insumo", afirmou Varejão para quem a Usiminas está bem posicionada para obter um bom retorno com a segregação.
Outro negócio do setor deverá ser utilizado como base pela Usiminas, é o IPO da Casa de Pedra, pela CSN. O panorama é esse, mas ainda assim, lembra Galdi, é preciso ver se a companhia liderada por Benjamin Steinbruch realmente realizará o IPO conforme está planejado.
Para o analista, mais um fato que pode ser o gatilho para que a Usiminas
acelere o processo é a própria precificação do minério de ferro, para que a empresa capture os benefícios que o ciclo de alta dos preços dos metais tem apresentado.
"Atualmente o preço do minério da Vale está em cerca de US$ 115 por
tonelada, já o preço no mercado spot já está na casa dos US$ 180 e com viés de alta, já tem até gente falando em US$ 200 por tonelada para o final do ano, se isso se confirmar será um preço recorde", explicou Galdi.
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