Regulação e transparência: são nesses conceitos que as autoridades econômico-financeiras norte-americanas precisam se basear se quiserem prevenir uma próxima crise financeira. Quem afirma isso é o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geitner.
Para ele, o país está se recuperando, com crescimento econômico, retirada de estímulos e custos de contenção da crise estando abaixo do esperado do início. Porém, o secretário destaca que o verdadeiro custo da crise será sempre medido pelos milhões de empregos e poupanças perdidos, assim como os milhares de negócios falidos.
“Nenhuma geração futura deve pagar o preço por isso”, fala. “É simplesmente inaceitável sair da recessão sem consertar as falhas básicas do sistema financeiro que ajudou a criá-las”, afirmou, em artigo publicado no jornal The Washington Post nesta terça-feira (13).
Assim, Geithner destaca que o ponto crucial para proteger as “famílias norte-americanas que tomaram empréstimos hipotecários ou que pouparam dinheiro colocando-o na educação de seus filhos, é uma agência contabilista independente, que firme regras claras ao mercado financeiro”, explica.
O órgão regulador defendido por Geithner vem sendo objeto de discussões por meses no Congresso norte-americano. A proposta , apresentada pelo Senado, aperta o cerco contra empresas consideradas "grandes demais para falir" e define regras mais claras e rígidas sobre risco no sistema financeiro norte-americano.
“Para prevenir as grandes instituições financeiras de ameaçar a economia, o projeto de lei do Senado dará ao governo autoridade para impor fortes requerimentos de capital e liquidez”, conta o secretário do Tesouro ao falar que todas as instituições estariam dentro das normas, inclusive as grandes, como Goldman Sachs, Citigroup e AIG.
Além desta autoridade servir para diminuir a alavancagem e o risco tomado pelas instituições financeiras norte-americanas, ela também dá mecanismos para o governo dividir as operações da empresa, caso ela entre em processo de recuperação judicial (por exemplo, concordata).
“Se uma grande empresa gerencia mal seus negócios, levando a uma falência, a proposta do Senado dá ao governo a autoridade de liquidar a empresa sem exposição dos contribuintes”, fala. Neste caso, Geitner explica que os acionistas seriam retirados do papel e as ações seriam vendidas.
Absorção de choques
O secretário do Tesouro norte-americano também revela sua crença em um sistema que absorva os impactos de uma nova turbulência financeira. Isso seria possível se qualquer brecha para arbitragens for fechada e o governo trouxer discussões-chave ao mercado, como no caso de derivativos.
Neste ponto, a transparência seria essencial por parte não só das empresas mas de todo o mercado. Com transparência, na visão da Geithner, os custos de derivativos seriam menores, assim como as companhias dos setores de agronegócio e industrial poderiam gerenciar com mais eficiência seus riscos.
“Este é definitivamente o momento para reformas. Nós temos que chegar no correto”, comenta Geitner. “Nós não podemos construir um sistema que dependa da sabedoria e do julgamento de reguladores futuros. Até os mais espertos indivíduos munidos das mais inteligentes ferramentas não conseguirão encontrar cada fraqueza ou preeminência de cada crise”, conclui.
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