terça-feira, 13 de abril de 2010

MAIS CRESCIMENTO, MAIS INFLAÇÃO E MAIS JUROS

Os economistas Ilan Goldfajn e Giovana Siniscalchi, do Itaú Unibanco, fazem uma excelente análise do quadro atual da economia brasileira. Eles dizem que, com a economia crescendo rápido, ainda sem sinais de desaceleração, a inflação surpreendeu para cima no primeiro trimestre do ano e as expectativas para os índices de preçoso para este e o próximo ano continuam subindo, impulsionadas pelo vigor da demanda e pelos impulsos ainda vigentes na atividade.
Segundo eles, como o dinamismo da economia segue em alta em 2010, o Itaú Unibanco revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6% para 6,5%. "O PIB do primeiro trimestre deste ano deve atingir variação em torno de 2% em relação ao último trimestre de 2009, ritmo que, se anualizado, fica acima de 8%", afirmam. Os dois economistas ressaltam que continuam aguardando alguma desaceleração natural da economia (perda de ritmo após níveis voltarem ao cenário pré-crise), mas esperam que, ao longo dos demais trimestres do ano, o crescimento se mantenha elevado, numa média de pelo menos 1% por trimestre com ajuste sazonal. "Prevemos que o crescimento convirja para 4,6%, em 2011, em função da retirada dos estímulos, principalmente da subida maior de juros", frisam.
Goldfajn e Giovanna ressaltam que a alta dos preços de alimentos, a aceleração da atividade e, por consequência, dos preços industriais, vêm comprometendo a trajetória de inflação em 2010 e 2011. Por isso, revisaram as projeção para o IPCA de 2010 de 4,9% para 5,3%, e de 4,8% para 5,3% em 2011, nesse caso, principalmente, por causa dos preços administrados.
Diante desse quadro, eles são taxativos: "A inflação em alta e a demanda forte recomendam um aperto maior de juros. Após a decisão controversa de manutenção da taxa de juros na última reunião de março, esperamos um início de aperto com uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, seguida de mais três elevações de 0,75 ponto, com a taxa Selic encerrando 2010 em 11,75%", assinalam. Para 2011, eles projetam aumentos adicionais de mais 1,25 ponto logo no início do ano, trazendo a taxa básica para 13% já no primeiro trimestre.
No entender de Goldfajn e de Giovanna, não haverá alternativa ao BC a não ser antecipar e elevar o tamanho do ajuste na taxa básica de juros para ancorar as expectativas de inflação – que seguem em trajetória de alta – e favorecer a convergência do IPCA para a meta de 4,5% ao longo do tempo.

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